A revolução cultural exposta em ‘Juventude Conectada’

    Série será exibida na próxima semana, de segunda-feira (18/07) a quinta-feira (21/07), em dois horários: 15h e às 22h30m, no Canal Futura

    Por Karla Dunder, especial para Ponte Jornalismo

    20160715 Caramante Cena de Juventude Conectada
    Cena do documentário “Juventude Conectada” – Foto: Reprodução Buriti Filmes

    A relação dos jovens com a internet é o tema de Juventude Conectada que estreia na segunda-feira, dia 18, no canal Futura. A série composta por quatro documentários é dirigida por Luiz Bolognesi e codirigida por Fabiano Maciel. A produção é assinada por Laís Bodanzky e pela Buriti Filmes.

    Juventude Conectada nasceu de uma pesquisa realizada pela Fundação Telefônica Vivo sobre o uso da internet pelos jovens. Desse levantamento de dados, observamos o potencial de acesso às informações, a maneira criativa como esses jovens usam a internet e os novos horizontes que estão se abrindo e não apenas no que diz respeito ao empreendedorismo, mas também na educação e na comunicação”, explica Bolognesi.

    A série seguiu os mesmos passos do documentário anterior, Educação.Doc, que identificou escolas públicas de qualidade pelo Brasil. “Sempre ouvimos que as escolas públicas são ruins, fizemos o caminho inverso: buscamos aquelas com excelência e descobrimos. Em Juventude Conectada fugimos do senso comum de que a internet é uma forma de alienar, não queríamos esse olhar negativo”. Além dos dados da Fundação Telefônica, uma equipe passou seis meses levantando informações sobre os usos da internet e a maneira como esses jovens estavam interagindo. Mais dois meses de conversas com essas pessoas para então dar início às filmagens.

    Resultado: 40 horas de material bruto. O documentário é uma costura de diferentes vozes que mostram como jovens criativos usam as várias possibilidades dessa era digital para defender causas, rever modelos econômicos e transformar a realidade em que vivem. “Produzir um documentário é um processo de grande aprendizado. Nossos personagens são grandes desbravadores que nos descortinam um novo mundo. Foram revelações muito preciosas de uma nova cultura, de uma nova forma de comunicar, uma verdadeira revolução. ”

    Além dos protagonistas, foram ouvidos profissionais como a psicanalista Maria Rita Kehl, o consultor em economia criativa Lucas Foster, a educadora Ivana Bentes e o jornalista e educador Caio Dib. Bolognesi dá o mesmo peso a todas as vozes, num ambiente de igualdade e respeito, sem hierarquizar o saber. “O que impacta é a potência do que está sendo dito, pensamentos sofisticados que muitas vezes vêm de onde não esperamos”.

    O primeiro episódio, Ativismo, mostra como a mídia online e as redes sociais são usadas como meio de resistência e luta por alguns grupos sociais. “A internet, nem Marx teria imaginado isso, é a democratização do próprio meio de produção”, analisa Maria Rita Kehl. Meio apropriado pelos índios Paiter Suruí que conseguiram mapear e colocar seu território no Google. Os próprios índios selecionaram as informações e criaram as imagens em 3D. Uma forma de preservar a etnia e o seu espaço geográfico.

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    A psicanalista Maria Rita Kehl é uma das entrevistadas de “Juventude Conectada” – Foto: Reprodução Buriti Filmes

    “São 5 milhões de hectares de florestas que estão sendo derrubadas aqui na Amazônia, por que? Para que? Para quem? Só pensam no lucro. Ter lucro não significa que você tenha qualidade de vida. Qualidade de vida significa que você tem água na sua casa, ter floresta. O que adianta você ter muito dinheiro e não ter como comprar água? Acredito que estamos fazendo isso para mim, para você e para o mundo”, declara o líder Almir Narayamoga Suruí.

    Com a mesma força narrativa é apresentado o coletivo Desabafo Social, que luta pela educação e pelos direitos humanos, além de denunciarem o racismo e a desigualdade social. “O Brasil é um país racista e não é um país pacífico, basta olhar os números” afirma a estudante Monique Evelle.

    Comunicação Democrática é o título do segundo episódio que mostra a democratização da mídia na prática. Aborda a produção de conteúdo independente dos grandes veículos de comunicação. Coletivos de jornalistas que apresentam uma nova narrativa diferente daquela proposta pela grande mídia, como exemplo, a cobertura das grandes manifestações de junho de 2013 feita pela Mídia Ninja.  Também apresenta os bastidores do trabalho dos Jornalistas Livres. Ou como o Escola de Notícias, do bairro do Campo Limpo em São Paulo, dá voz à periferia.

    Produções coletivas, novas possibilidades de consumo e empresas que movimentam a economia são retratados no episódio Empreendedorismo. Como exemplo, o grafiteiro Mundano, criador do projeto “Pimp My Carroça” junto a carroceiros catadores de São Paulo – que, para viabilizar seu projeto, associou-se ao Catarse, outra iniciativa digital que é responsável por inúmeras campanhas de financiamento coletivo, também debatida na série. O crowdfunding é apresentado como uma nova possibilidade de financiamento, uma alternativa e um investimento também.

    Para fechar, Educação. Como as novas tecnologias estão sendo utilizadas para democratizar a educação e ampliar o saber.

    Serviço:

    Juventude Conectada, direção de Luiz Bolognesi e codireção de Fabiano Maciel

    Produção da Buriti Filmes e Instituto Buriti, com correalização da Fundação Telefônica Vivo

    Série documental em 4 episódios diários: (Ativismo, Comunicação Democrática, Empreendedorismo, Educação)

    De 18/7 (segunda-feira) a 21/7 (quinta-feira) em dois horários: 15h e às 22h30m, no Canal Futura

     

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