Food trucks foram estacionados no campo de futebol do presídio da PM paulista neste fim de semana
O Presídio Militar Romão Gomes, que abriga cerca de 200 policiais militares (na ativa, reformados e demitidos da corporação), a maior parte deles presos por homicídio, sedia um evento diferente a partir desta sexta-feira (05/08): o 1º Festival Food Truck Beneficente no Romão Gomes, sempre das 11h às 23h.
Os foods trucks são pequenos caminhões, vans, peruas e outros modelos de veículos adaptados para a preparação e venda de comida. O evento no Romão Gomes, localizado no Jardim Tremembé (zona norte de São Paulo), é uma parceria entre o setor de relações públicas do presídio e a ACCR (Associação dos Comerciantes de Comida de Rua), que cobrou taxa dos participantes.
De acordo com a organização do festival culinário no Presídio da Polícia Militar de São Paulo, para entrar no campo de futebol do Romão Gomes, área pública e de segurança onde ocorre o festival de comida de rua, cada pessoa tem de entregar 1kg de alimento não perecível. O campo de futebol está à esquerda da portaria de entrada do presídio, onde existe uma simples cancela e um estacionamento para os militares que vigiam os internos.
Os donos dos cerca de 25 food trucks que participam do evento também tiveram de pagar taxas para a ACCR. O dinheiro seria destinado ao pagamento de um gerador de energia instalado no campo de futebol do presídio militar, de cantores e bandas e outras atrações, como “personagens Disney”. A banda e o canil da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Paulo também são anunciados como atrações do evento.
Procurado, o TJM-SP (Tribunal de Justiça Militar) informou que o campo de futebol onde ocorre o festival de comida de rua “não se encontra dentro dos perímetros do presídio” Romão Gomes e “os internos não participarão do evento”
Como se trata de uma área pública e de segurança, conforme a sinalização no entorno do presídio militar, a reportagem questionou o secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Mágino Alves Barbosa Filho, e o comandante-geral da PM paulista, coronel Ricardo Gambaroni, sobre os procedimentos e possíveis critérios adotados ou não para a realização do festival de comida de rua no Romão Gomes.
Foram enviadas às assessorias de imprensa da Segurança Pública, comandada pela empresa privada CDN Comunicação, e da Polícia Militar, dez perguntas, para as quais a reportagem aguarda respostas:
1º – Quem autorizou a realização do Festival Food Truck no Presídio Militar Romão Gomes?
2º – Algum tipo de licitação/consulta pública foi feita para a realização do festival? Caso tenha sido, por favor, onde aconteceu a consulta pública/licitação?
3º – A realização do Festival Food Truck no Romão Gomes, na área do campo de futebol, coloca em risco a segurança da unidade prisional e pode facilitar a fuga de algum interno?
4º – Qual o destino dos alimentos arrecadados no Festival Food Truck? De acordo com a organização, a entrada na área do campo de futebol do presídio será paga com 1kg de alimento não perecível.
5º – Qual o destino dos valores arrecadados com a cobrança das taxas dos comerciantes donos dos food trucks que atuam no festival?
6º – Qual foi o critério adotado pela PM para selecionar os donos de food trucks para que eles utilizassem a área do campo de futebol do Presídio Romão Gomes para a realização do comércio de comidas?
7º – Qual é o público alvo do Festival de Food Truck?
8º – O Comando Geral da PM de SP tem conhecimento da realização do evento?
9º – Qualquer empresa ou associação pode realizar eventos no campo de futebol do Presídio Romão Gomes?
10º – Quem participa do Festival Food Truck no Romão Gomes será identificado pela Polícia Militar de SP, já que o campo de futebol do presídio está em uma área de segurança, de acordo com a sinalização viária na avenida Tenente Júlio Prado Neves?