Exército confirma elo com gestão de Alckmin (PSDB) para infiltração contra estudantes

    Em setembro, o capitão do Exército Willian Pina Botelho foi preso com 21 estudantes. Até hoje, governo Alckmin (PSDB) nega elo com militar

    20160913-balta-preso-o-coitado
    Balta, codinome do capitão Willian Botelho, foi detido com estudantes em frente ao CCSP, no início de setembro

    O Comando do Exército Brasileiro confirmou ter atuado em parceria com o Governo do Estado de São Paulo em ação nos protestos contra o atual presidente, Michel Temer (PMDB). Desde a divulgação do caso pela Ponte e pelo jornal El País, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de suas pastas, negou existir qualquer operação em conjunto com as forças armadas.

    “Houve, houve, houve uma absoluta interação com o governo do Estado. As pessoas precisam entender o Exército tem sido demandado para o cumprimento de várias missões fora da nossa esfera de responsabilidade primordial, vamos dizer assim”, reconheceu o comandante-geral do exército, o general Eduardo da Costa Villas Boas, em entrevista à Rádio Jovem Pan.

    No dia 4 de setembro, em meio a um dos protestos contra o novo governo federal, foram presos 21 jovens nas proximidades do Centro Cultural São Paulo. Um dos detidos era Willian Pina Botelho, capitão do Exército, infiltrado nos manifestantes sob o codinome Balta Nunes – ele utilizava a rede social de relacionamentos Tinder para obter informações dos protestos e xavecar algumas manifestantes.

    montagem

    Botelho na foto em que se exibia como Balta, no Tinder e, à direita, vestido com traje militar

    Segundo o comandante, Botelho não estava infiltrado entre os manifestantes, mas, sim, “acompanhava” os protestos. “Nós estamos muito tranquilos porque estamos absolutamente respaldados pela legislação e por medidas que haviam sido adotadas. Havia a situação dos Jogos Olímpicos, havia uma situação de segurança do presidente, estava tudo dentro deste contexto. Nós estamos tranquilos, cumprindo a nossa missão, é lógico essas investigações vão chegar a termo, mas enfim não temos preocupação”, prosseguiu.

    Inicialmente, os estudantes cogitavam que Balta Nunes era integrante da PM de São Paulo. Porém, dias após o caso ser revelado, conhecidos de Willian Botelho apontaram para a reportagem ser este um membro do exército formado na Academia Militar Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, e atuante em São Paulo desde 2015.

    A SSP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) alegou desde o início desconhecer a presença do capitão do Exército entre os detidos na ação no CCSP. Enquanto Botelho, questionado sobre não ter sido preso pela PM paulista junto dos demais manifestantes, apontou, em conversa no Facebook, ter subornado um delegado da Polícia Civil com R$ 1.200.

    p2

    Capitão usava a rede de relacionamentos Tinder para obter informações de manifestantes

    Desde o dia 23 de setembro, o MPF-SP (Ministério Público Federal de São Paulo) investiga a atuação de Botelho nas ações da polícia estadual e nas manifestações contrárias ao governo federal.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude
    2 Comentários
    Mais antigo
    Mais recente Mais votado
    Inline Feedbacks
    Ver todos os comentários
    trackback

    […] foi informado de que o então comandante-geral do exército, general Eduardo da Costa Villas Boas, admitiu que o Exército havia atuado em “absoluta interação com o governo do estado” no dia da […]

    trackback

    […] do Exército, general Eduardo da Costa Villas Boas, afirma à Jovem Pan que Exército atuou em “absoluta interação com o governo do Estado” […]

    mais lidas