Carnaval da Pavilhão Nove teve denúncia e pedido de justiça

    Desfile do bloco carnavalesco da torcida homenageou oito jovens assassinados por policiais em chacina no ano passado. “Não é a mesma coisa pisar na avenida sem eles”, disse um torcedor.


    Kaique Dalapola, da Ponte Jornalismo

    Em homenagem às oito vítimas da chacina ocorrida na sede da torcida organizada Pavilhão Nove, em abril de 2015, o bloco carnavalesco da torcida balançou uma bandeira com o desenho do rosto das vítimas e a frase “Eternamente em nossos corações” à frente do carro alegórico do bloco. A Pavilhão Nove desfilou na avenida São João, no centro de São Paulo, na noite de domingo (7/2).

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    Quem levou a bandeira foi Daniel Mazzaropi,  que esteve na sede da organizada na noite da chacina. Além da bandeira, integrantes da Pavilhão Nove que foram assistir ao desfile, levaram duas faixas e esticaram no espaço destinado ao público. Uma das faixas pedia “Justiça”, e a outra trazia a frase “SP: A Era das Chacinas”. No final do desfile, as faixas foram esticadas na frente do carro alegórico.

    “Não é a mesma coisa pisar na avenida sem eles [as vítimas da chacina]. Eles sempre desfilaram comigo e o mínimo que eu podia fazer era homenageá-los carregando essa bandeira”, disse Daniel.

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    Os integrantes da Pavilhão Nove afirmaram que, antes de buscar o título, eles se dedicaram para homenagear as vítimas. “Não tem problema que vamos perder dois décimos, vamos sempre homenagear esses guerreiros”, disse Jefferson, presidente do bloco, referindo-se à punição de 0,2 pontos que a Pavilhão Nove sofrerá por ter entrado com a bandeira na avenida.

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    Desde o início, ainda na concentração, o interprete da Pavilhão Nove, Rodrigo Bola, e Daniel Mazzaropi relembraram os nomes dos oito mortos e pediram um minuto de silêncio para homenageá-los. Bonés e camisetas com a imagem das vítimas também eram vistas sendo usados por várias pessoas que acompanhavam os desfiles.

    Com o enredo “No Jubileu de Prata, Pavilhão Nove relembra seus carnavais e segue unido em busca da paz”, o bloco foi composto por 700 integrantes, e uma das alas trouxe como tema a paz. “A gente ia falar só dos nossos 25 anos, mas acrescentamos a paz por causa do próprio mundo que vivemos. Ninguém mais dá valor às vidas. E, mais uma vez falamos de paz, porque nós não buscamos vingança, a gente só busca paz e, claro, que os culpados peguem”, explicou o presidente do bloco.

    A primeira vez que a Pavilhão Nove trouxe o tema paz para o carnaval foi em 2004, um ano depois de ter o carnavalesco do bloco, Ruy Luciano Nogueira, assassinado no Sambódromo do Anhembi após confronto com o bloco da Torcida Independente.

    A chacina

    Os integrantes da Pavilhão Nove Ricardo Junior Leonel do Prado, André Luiz Santos de Oliveira, Matheus Fonseca de Oliveira, Fábio Neves Domingos, Jhonatan Fernando Garzillo, Marco Antônio Corassa Junior, Mydras Schmidt e Jonathan Rodrigues do Nascimento foram assassinados na sede da torcida em 18 de abril de 2015, depois de um churrasco no local.

    Os acusados de participação na chacina são Rodney Dias dos Santos, ex-policial militar e um dos fundadores da organizada e Walter Pereira da Silva Júnior, soldado do 33º Batalhão da Polícia Militar. Marcelo Mendes da Silva, segundo sargento do 14º Batalhão da Polícia Militar também está sendo investigado pela Polícia Civil.

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