‘A gente vem sendo hostilizado pela GCM e PM’, denuncia assistente social

    Durante ato em solidariedade à orientadora socioeducativa detida na última terça-feira, assistentes sociais e de saúde que atuam na Cracolândia falam em queda de braço com agentes da segurança

    Exatamente um mês após a ação do Estado e da Prefeitura de São Paulo, que transferiu o ‘fluxo’ da Cracolândia – antes localizado na esquina da rua Helvétia com a alameda Dino Bueno – para a Praça Princesa Isabel, a violência policial tem se intensificado também contra os trabalhadores da saúde e da assistência social que atuam no território, segundo notifica o Conselho Regional de Serviço Social e conforme mostram as cenas de agressão, humilhação e detenção de uma trabalhadora pela Polícia Militar, na terça-feira (20/6). A orientadora socioeducativa Estela havia questionado por que não havia uma policial mulher para revistar as usuárias.

    Na tarde desta quarta-feira (21/6), agentes da saúde e assistentes sociais realizaram um ato na região da Luz para repudiar a prisão da colega e contra a “atabalhoada reestruturação dos serviços na região e pelo direito ao cuidado e ao trabalho”. Cerca de 50 profissionais participaram da manifestação. Veja galeria de fotos do fotojornalista da Ponte Jornalismo, Sérgio Silva:

    Profissionais afirmam que, especialmente no último mês, têm sido hostilizados | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Ato em protesto contra a violência policial sofrida pela orientadora socioeducativa | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Assistentes se uniram de mãos dadas no local onde funcionava De Braços Abertos | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Ato em protesto contra à violência policial sofrida pela orientadora socioeducativa| Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Detenção de assistente aconteceu depois de ela questionar ação policial | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Ato em protesto contra a violência policial sofrida pela orientadora socioeducativa | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Ato em protesto contra a violência policial sofrida pela orientadora socioeducativa | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Ato em protesto contra a violência policial sofrida pela orientadora socioeducativa | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Profissionais atuam na área a partir da lógica da redução de danos| Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo

    Como mostrado no vídeo, um assistente social, que se identificou apenas como Amaro e que trabalha na região desde a gestão de Fernando Haddad, denuncia uma crescente hostilização do trabalho de redução de danos por parte da Guarda Civil Metropolitana e Polícia Militar. Na semana passada, as duas corporações chegaram a investir contra a tenda que abrigava o extinto programa De Braços Abertos, como mostrou reportagem da Ponte Jornalismo, onde estavam dependentes químicos e profissionais socioeducativos que têm usado o espaço para fazer atendimentos.

    O Ministério Público, tanto na área de habitação quanto de saúde, tem também se manifestado contrário às ações da administração municipal, especialmente no que se refere a internação compulsória – que era um desejo do prefeito de São Paulo João Doria – quanto na forma de retirada dos dependentes químicos, sem planejamento de acolhimento e atendimento dessas pessoas.

    Outro lado

    Atualizado às 12h30 desta sexta-feira – A GCM informa que “denúncias contra agentes da Guarda Civil Metropolitana devem ser encaminhadas para a Corregedoria da GCM para investigação”. A CDN Comunicação, que cuida da assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, enviou a seguinte nota à Ponte Jornalismo: “A Polícia Militar informa desconhecer qualquer hostilidade em relação aos agentes de saúde da Prefeitura de SP e assistentes sociais. A Instituição reconhece todo o esforço e protagonismo das ações realizadas pelos mesmos e espera poder ajudar, sempre que necessário, dando condições de segurança para que os mesmos exerçam suas atividades com tranquilidade. É importante esclarecer que qualquer pessoa que tenha reclamações quanto à atuação dos policiais pode formalizar queixas ao Comando de Policiamento de Área Metropolitano-1, ou mesmo à Corregedoria para a devida apuração dos fatos”.

    A prefeitura de São Paulo, ainda ontem, havia enviado uma nota informando que o caso da assistente social está sendo apurado internamente e que apenas depois de concluída a investigação irão se pronunciar sobre o tema.

    *A agência Pavio é uma iniciativa de vídeorreportagem e documentação audiovisual. Formada por jornalistas e realizadores independentes, noticia violações de direitos humanos, conflitos urbanos e rurais

     

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