Após reportagem da Ponte, Ouvidoria acompanhará caso de morto em baile funk

    Órgão abriu procedimento por determinação do novo ouvidor, Elizeu Soares, para verificar atuação da PM em Itaquera, zona leste de São Paulo

    Viajar, como ida para o Rio de Janeiro em 2019, era um dos divertimentos de Kelri | Foto: Arquivo pessoal

    A Ouvidoria da Polícia de São Paulo acompanhará o desenrolar das investigações sobre a morte de Kelri Antônio Claro, 23 anos. O jovem morreu na madrugada do dia 2 de fevereiro em um baile funk na Avenida Caititu, em Itaquera, zona leste da cidade de São Paulo. Um grupo de 15 PMs é investigado após o crime.

    A determinação é de Elizeu Soares Lopes, advogado escolhido pelo governador João Doria (PSDB) para ocupar o comando do órgão. Ele assumiu o cargo no último dia 7, quando teve fim o mandato de dois anos do sociólogo Benedito Mariano.

    Esta apuração é a primeiras determinada pelo novo ouvidor, que também abriu procedimento para caso de PM que agride e xinga passageiros em um ônibus no Terminal Parelheiros, extremo sul de São Paulo.

    Inicialmente, a ocorrência havia sido apresentada como morte decorrente de intervenção policial, que é quando uma pessoa morre em confronto com a PM. No entanto, o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa redefiniu o caso como homicídio doloso com autoria desconhecida.

    No dia 9 de fevereiro, Kelri morreu com um tiro que o acertou no ombro e atravessou a axila. Ele não resistiu à perda de sangue e morreu na Unidade de Pronto Atendimento de Itaquera. Vídeos obtidos pela Ponte mostram ação da PM no local.

    O comandante de policiamento da área informou ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, da Polícia Civil, que os 15 PMs envolvidos em ação na região horas antes negaram qualquer ação no baile, assim como disseram não ter atirado.

    Na noite anterior à morte do jovem, que trabalhava em um comércio da família, este grupo de PMs atuou para combater perturbação do sossego e para fiscalizar veículos com som alto, segundo versão oficial. As imagens registradas por moradores apontam para uma ação no baile naquela noite.

    Segundo um familiar de Kelri, o acompanhamento da ouvidoria é positivo. “Graças a Deus”, comemorou, em conversa com a Ponte, ao ser informado da notícia. “Se foi alguém do baile que atirou? Que apareça o culpado. Se foi da PM? Que apareça. Nós queremos que o culpado pague”, resumiu, dizendo que “nada trará a vida do Kelri novamente”.

    Em nota enviada no dia 11 de fevereiro, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo confirmou que os PMs realizavam operação para apreender veículos irregulares em Itaquera “quando foram acionados via Copom para atendimento a uma ocorrência de um homem ferido por arma de fogo”.

    Segundo o delegado do DHPP Vander Cristian Rodrigues, há contradição na fala dos PMs com o relato dado pelos familiares do jovem morto. Segundo ele, chama atenção o intervalo entre o horário da ocorrência, às 2h, e a comunicação à PM, feita às 5h. “O que causa certa estranheza em relação à conduta policial”, disse.

    Ainda de acordo com a secretaria, todas as circunstâncias são apuradas para identificar o autor da morte de Kelri. Tanto a PM quanto a Polícia Civil abriram investigações. A Corregedoria da PM ainda não se posicionou se está ou não acompanhando o caso.

    O atributo alt desta imagem está vazio. O nome do arquivo é WhatsApp-Image-2019-12-05-at-21.50.01.jpeg

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas