Ativista LGBT recebe ameaça de morte por email: ‘vamos meter uma bala na testa’

Agripino Magalhães acredita que, além de homofobia, ataque tem motivação política

Agripino Magalhães é ativista da causa LGBTQI+ | Foto: Arquivo Pessoal

Agripino Magalhães já recebeu diferentes tipos de ameaças pela internet por conta da sua militância e posicionamento político. Na noite de terça-feira (25/1) teve medo de uma delas pela primeira vez. A mensagem endereçada a ele através de um email dizia, já no título, que ele seria morto. Preocupado, ele garante que irá pedir proteção para o Estado e denunciar o caso em diferentes órgãos.

Além de ativista dos direitos LGBT, Magalhães é suplente pelo MDB de uma das cadeiras da Assembleia Legislativa de São Paulo. Corriqueiramente ele entra com representações na Justiça pedindo providências em casos de LGBTfobia e ataques contra homossexuais. Esse é o principal motivo da ameaça feita contra lá. No texto, o autor deixa claro que o trabalho feito por Agripino o incomoda. 

Mensagem enviada a Agripino

“Ninguém aguenta mais essa bicha do caralho protocolando denúncias e enchendo o saco do ministério público e policia civil todo santo dia, iremos enfiar um cabo de vassoura no rabo dele e meter uma bala na testa dele! “, diz a mensagem enviada para o email da Aliança Nacional LGBTI+, organização da qual Agripino Magalhães faz parte.

“Eu estava na rua quando um amigo da Aliança me ligou. Ele que, pelo amor de Deus, eu tinha que ir para casa pois tinha acabado de receber um e-mail com ameaças de morte contra mim. Quando li fiquei com medo. Em um momento ele fala que irá introduzir um cabo de vassoura no meu ânus”, conta Agripino.

https://ponte.org/benny-briolly-cobra-escolta-e-diz-que-nao-se-sente-segura-com-ronda-da-pm/

O ativista relata que entrou em contato com seus advogados para tomar as providências necessárias para o caso. Até o momento em que deu entrevista para a Ponte, Agripino ainda não tinha registrado o boletim de ocorrência na Polícia Civil. 

“Eu irei fazer o BO e também vou denunciar no Ministério Público e nas entidades de direitos humanos. Também quero pedir proteção ao Estado porque as outras ameaças não eram tão ameaçadoras como esta. Eu estou com muito medo. Eu nem dormi ontem à noite direito”, declara Magalhães.

Mensagem assinada

As outras ameaças que Agripino já tinha recebido pela internet não vinham com a identificação do autor ou eram feitas por perfis fakes e anônimos. A ameaça recebida pela vítima nesta semana é atribuída ao youtuber Cristopher Schlafner, porém o endereço de email da qual a mensagem é uma sequência aleatória de caracteres gerados automaticamente em um serviço de emails temporários e não faz nenhuma menção ao influenciador digital.

Endereço de email enviado para Agripino Magalhães

“Meu nome é Christoph Schlafner e irei atrás de você, suplente de baitola!”, diz a última frase do email.

Schlafner é dono do canal Xbox Mil Grau, voltado para o mundo dos games, mas que também é conhecido pelos constantes xingamentos feitos pelo youtuber a desafetos. No final do ano passado ele foi condenado a pagar R$ 25 mil ao grupo NZN, empresa de publicidade digital, por ofensas direcionadas às suas marcas. 

A Ponte procurou Christoph Schlafner através de suas redes sociais questionando-o se ele tinha ciência da mensagem atribuída a ele. Até a publicação dessa matéria não houve retorno por parte do youtuber.

Ajude a Ponte!

Agripino Magalhães acredita que, além do ataque ser claramente praticado por homofobia, há questões políticas que motivaram o envio da ameaça. “ Eles querem me silenciar. Eles querem me colocar medo para que eu pare de denunciar. Mesmo eu tendo todos esses receio eu continuar com a minha luta”, garante Magalhães.

Já que Tamo junto até aqui…

Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

Ajude

mais lidas