Integrantes do Greenpeace Brasil também interromperam assembleia de acionistas da empresa, empunhando cartazes. Vídeo registrou seguranças da JBS tentando tomar à força equipamentos de um cinegrafista que gravava no local
Oito ativistas do Greenpeace foram detidos pela Polícia Militar nesta quarta-feira (29/4) após realizarem protesto em uma sede da JBS em São Paulo. Eles estenderam duas faixas em um galpão da empresa com críticas ao impacto da cadeia produtiva dela na destruição de florestas. Os manifestantes também interromperam a assembleia anual de acionistas do grupo, empunhando cartazes de mote semelhante.
O protesto da organização não-governamental (ONG) ainda teve a performance de dois ativistas caracterizados como Joesley e Wesley Batista — os irmãos à frente da multinacional brasileira. O Greenpeace comunicou, em nota, que eles foram tratados com truculência pela equipe de segurança da JBS. Um vídeo do protesto [veja acima] mostra agentes da empresa tentando expulsar os manifestantes e tirar à força os equipamentos das mãos de um cinegrafista.
Os funcionários do grupo teriam exigido que fossem apagadas as imagens do ato. Teriam sido retidos um cartão de memória e um microfone. A Polícia Militar foi acionada e conduziu os ativistas até o 33º Distrito Policial (DP), na zona oeste da capital paulista. A Ponte procurou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), segundo a qual o caso foi registrado como invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola/sabotagem. A pasta informou que as pessoas detidas foram liberadas mediante o pagamento de fiança. Foram apreendidas cordas, equipamentos eletrônicos e outros objetos.

‘JBS lucra, floresta queima’
Entre os detidos, há cinco escaladores estrangeiros, que ajudaram a colocar as faixas de protesto em um dos galpões da sede da multinacional brasileira. Uma delas tinha os dizeres, em inglês, “JBS lucra, floresta queima”, impressos em 1,2 mil metros quadrados, enquanto a outra registrava, em português, “JBS: seu lucro, nossa extinção”.
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Os cartazes de mão levados pelos manifestantes tinham os dizeres “Respeitem a Amazônia”, “Parem de bancar a JBS” e “Seu lucro, nossa extinção”. Eles também foram tomados à força pela segurança da JBS, segundo o Greenpeace.

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“Fizemos uma ação pacífica dirigida à JBS porque o apetite voraz da empresa por lucro representa tudo o que há de errado com o agronegócio. Suas cadeias produtivas estão alimentando o desmatamento em ecossistemas vitais, como a Amazônia, e as emissões de gases de efeito estufa são colossais, particularmente as de metano”, disse Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil, conforme divulgou a entidade em nota.

Na mesma ocasião em que fez o protesto, a ONG publicou um dossiê chamado “JBS: cozinhando o planeta”, no qual lista casos de desmatamento ilegal e de violações de direitos humanos envolvendo a empresa. O grupo teve aprovada, recentemente, sua entrada na Bolsa de Valores de Nova York, iniciativa contra a qual o Greenpeace protesta, uma vez que isso ajudaria a financiar a expansão da multinacional. Os ativistas cobram ainda o cumprimento de promessas sobre a redução a zero das emissões líquidas e a eliminação do desmatamento de sua cadeia produtiva na Amazônia.
A Ponte procurou a JBS, via assessoria de imprensa, mas ainda não obteve retorno até esta publicação. Se houver, a reportagem será atualizada.
Leia a íntegra do que diz a SSP-SP
Cinco mulheres e três homens, com idades entre 28 e 40 anos, foram presos em flagrante na manhã desta terça-feira (29) por envolvimento na invasão a um galpão de uma empresa localizada na Avenida Marginal Direita do Tietê, na zona oeste de São Paulo. Policiais militares foram acionados e localizaram os suspeitos no interior do imóvel, no telhado e nas proximidades. Durante a ação, foram apreendidas cordas, equipamentos eletrônicos e outros objetos. A ocorrência foi registrada no 33º Distrito Policial (Pirituba) como invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola/sabotagem. Os indiciados pagaram fiança no valor de R$ 600,00 e foram liberados.