Bloco desfilou pelas ruas da região central de SP nesta sexta-feira (1/3) com o tema “Negras Vozes: O tempo de Alakan”
Quem participa da festa carnavalesca na cidade de São Paulo, sabe que tradicionalmente o Bloco Afro Ilú Oba de Min é o primeiro a desfilar pelas ruas e, isso, não é à toa. Desde 2004, o movimento organizado em torno das culturas de matrizes africanas e afro-brasileiras, trabalha para manter o patrimônio das antigas tradições na região urbana. Nesta sexta-feira (1/3), o bloco ocupou as ruas da Praça da República, na região central.
Para o ano de 2019, o tema do cortejo foi “Negras Vozes: O tempo de Alakan” – a palavra alakan, do iorubá, significa alianças. “Queremos falar dessa militância das mulheres, dessas negras vozes unidas”, conta Beth, uma das regentes do bloco, em entrevista para a jornalista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo.
Com uma bateria composta por 450 mulheres, 40 bailarinos e 12 artistas na perna de pau, o grupo desfilou entre a Praça e o Largo do Paissandú. A linha de frente do bloco contou ainda com a forte presença de artistas e intelectuais negros, como por exemplo, a consagrada escritora Conceição Evaristo.
Um dos momentos simbólicos do cortejo ocorreu na chegada às escadarias do Teatro Municipal, localizado na Praça Ramos de Azevedo, no centro. No local, Conceição Evaristo leu uma carta/manifesto contra o racismo estrutural, a violência policial, a perseguição a homossexuais e em defesa da mulher negra.
A carta lembrou que naquela mesma escadaria, 40 anos atrás, em pleno regime militar, o Movimento Negro Unificado (MNU) realizava um ato histórico na luta contra a discriminação racial no país:
“Nós, Militantes na década 70/90
Olhamos os passos dados
E lá atrás vemos a Ancestralidade
Transformando as tiras de dor
Em estímulo de ânimo, confiança e amor
E assim… em meio ao mar…
Entre as ondas do horror
Nasceram as Abayomis
Por isso saudamos os que nos deram
Confiança e esperança,
No amparo ao destino incerto,
E perante as Mulheres Negras ativistas,
Que hoje tocam o Tambor,
Nós dizemos: Abayomis…,
Energias da ancestralidade universal,
Com coragem ânimo e fé
Nós estamos aqui…
Nas Escadarias do Municipal,
Mais uma vez!!”
O cortejo encerrou seu desfile em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, onde o som dos tambores ecoou entre o vão dos prédios: uma noite inesquecível para os presentes.
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