Campanha arrecada fundos para criação de casa de abrigo a LGBTs em Manaus

    Coletivo quer criar casa para acolher e dar assistência a LGBTs; caso seja criado, o lugar será o primeiro do tipo em toda a região norte

    Coletivo deve criar casa de acolhimento a LGBTs | Foto: Divulgação/Manifesta LGBT+

    O coletivo amazonense Manifesta LGBT+ está com projeto para construir um local voltado para pessoas que foram expulsas de casa por conta de sua sexualidade e/ou identidade de gênero.

    Tendo como base os lugares de acolhimento da comunidade LGBT, como a Casa 1, em São Paulo e a Casa Nem, no Rio Janeiro, a ideia surgiu quando os integrantes do movimento perceberam que existiam muitos LGBTs desabrigados na cidade de Manaus. “Desde fevereiro a gente vem discutindo a criação dessa casa, no final de junho acabamos de redigir o projeto e começamos a campanha”, disse Gabriel Mota, presidente do Manifesta LGBT+.

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    A Casa de Acolhimento LGBT+ também terá como foco trabalhar as questões de saúde, social, psicológica, profissional e educacional dos abrigados com intuito de de reinseri-los no convívio familiar, no mercado de trabalho e também em um nível escolar adequado.

    O assistente social da Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas, Jefferson Pereira, é quem está dando auxílio ao movimento. Segundo ele, o objetivo é de que o lugar nasça através da sociedade civil e mostre ao governo do Amazonas a necessidade desse espaço. “A ideia é que futuramente o Estado possa assegurar o funcionamento dessa casa a partir do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). As casas de acolhimento são previstas por lei”, afirma.

    Segundo o artigo 25, parágrafo 1º da Declaração Universal de Direitos Humanos “todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle.”

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    A secretária da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Estado do Amazonas, Graça Prole, afirma que está auxiliando o movimento desde o primeiro momento para construção da casa de abrigo. Ela disse já ter entregue alguns itens e que está acontecendo uma ação dentro da Secretaria para arrecadação de material de higiene pessoal e de limpeza.

    Graça ainda conta que, a partir do ano que vem, eles poderão conveniar ou assinar um termo de fomento com a Secretaria do Estado de Assistência Social para poder ter um aporte financeiro, mas ressalta que “é necessário ter a documentação regularizada e cumprir as exigências legais do edital que todo ano é efetivamente publicado no mês de fevereiro”.

    Para ingressão no local é preciso ser maior de 18 anos, porque o Manifesta LGBT+ não tem estrutura suficiente para arcar com adolescentes. A princípio, o ambiente receberá de 6 a 8 pessoas, que poderão ficar de 3 a 6 meses. “Nós estamos fazendo uma ficha de cadastro que será analisada pelos psicólogos e assistentes sociais voluntários”, conta Gabriel Mota.

    O programa de arrecadação estima o valor de R$ 115.000,00 para funcionamento durante pelo menos 12 meses, com despesa de aluguel, água, luz, móveis, utilitários domésticos, alimentação, etc. mas até o momento reuniu pouco mais de R$ 1.500,00.

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    A Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos de também foi contatada pelo coletivo, mas até agora não deu nenhuma resposta. A reportagem questionou na tarde de quinta feira a pasta municipal quais as medidas seriam tomadas para ajudar na campanha, mas até o fechamento da matéria não respondeu.

    O Manifesta LGBT+ nasceu há um ano através de uma inquietação particular de Gabriel Mota. Ele não se sentia representado pelas políticas públicas LGBT do seu estado e também do País. “Eu estrava extremamente desconfortável com a situação dos movimentos sociais no Brasil e coloquei na cabeça a que a juventude precisava fazer alguma coisa”, desabafa.

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