Chefe Fogaça: guarda me impediu de doar marmitas para moradores de rua

    Chefe de cozinha diz que Prefeitura de SP não o deixou doar alimentos, mas gestão Bruno Covas afirma que houve “mal-entendido” e tentou evitar aglomeração

    Henrique Fogaça, à esq., afirmou entregar cerca de 500 marmitas diárias para moradores de rua | Foto: reprodução/Instagram

    O chefe de cozinha Henrique Fogaça denunciou, em um vídeo publicado em sua conta no Instagram, ter sido impedido por GCMs (Guardas Civis Metropolitanos) da prefeitura Bruno Covas (PSDB) de entregar alimentos para pessoas em situação de rua que vivem na região central da capital paulista.

    O veto à distribuição de alimentos ocorreu na última segunda-feira (20/4) nos entornos do Theatro Municipal. Em nota, a prefeitura negou a proibição e afirmou que apenas orientou os responsáveis pelas doações “acerca dos veículos estacionados e da aglomeração de pessoas”.

    No vídeo, o cozinheiro, conhecido do grande público pela participação no programa de tevê Masterchef, disse que estava “indignado” com a situação. “Estávamos distribuindo marmitas para os moradores de rua, correria 300, 400, 500 marmitas por dia, muita gente doando, só que hoje nós fomos surpreendidos pela polícia”, diz.

    Em sua fala, Fogaça se mostra favorável ao isolmento social imposta pelo governador João Doria e pelo prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, na intenção de controlar o coronavírus, que já vitimou mais de mil pessoas no estado de São Paulo.

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    Mesmo a GCM sendo de responsabilidade de Covas, o chef cita João Doria, que tem enfrentando diversas queixas de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por manter estabelecimentos fechados durante o período em que as pessoas devem ficar em casa.

    “Quarentena ok, restaurante fechado, ok. A gente entende preservar a saúde das pessoas. Agora não poder entregar marmita governador, seu Doria, como é que faz?”, perguntou o cozinheiro no vídeo.

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    O vídeo é acompanhado por um texto em que estão marcados os perfis de Bruno Covas e João Doria na mesma rede social e a pergunta: “querem matar os moradores de rua de fome?”.

    A publicação recebeu vários comentário, muitos deles criticando o governador e pedindo sua saída do cargo. A reportagem não conseguiu contato com Henrique Fogaça.

    Em nota, a Prefeitura de São Paulo, responsável pela GCM, informou que a “Guarda Civil Metropolitana não impediu a distribuição de alimentos, apenas orientou acerca dos veículos estacionados e da aglomeração de pessoas ao lado do Theatro Municipal devido a distribuição de marmitas”.

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    O texto encaminhado ainda sustentou que “o Comando Geral da GCM entrou em contato com Sr. Fogaça para esclarecer o mal-entendido e colocar a Guarda Civil Metropolitana a disposição para apoiar novas distribuições de alimentos”.

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