Comunidade homenageia jovem de 13 anos morto depois de perseguição policial em SP

    Caminhada em memória de Dolinha, em Pirituba, zona oeste de SP, levou moradores às ruas para pedir o fim do genocídio; crianças cantam uma música em homenagem à memória do jovem

    Crianças, amigas e amigos de Dolinha, lutando contra o genocídio | Foto: Arquivo pessoal

    Pouco mais de um mês após a morte de Kesley Alexandre, o Dolinha, moradores da Favela da Spama, junto com a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio, realizaram um ato em sua homenagem no fim da tarde de sábado (02/02), em Pirituba, zona oeste da cidade de São Paulo.

    Dolinha morreu aos 13 anos, depois de uma perseguição policial, no dia 25 de dezembro de 2018. Ele estava na garupa de uma moto em fuga que, de acordo com parentes e moradores da comunidade, policiais jogaram intencionalmente a viatura, ocasionando o acidente que tirou a vida do jovem.

    A caminhada teve concentração na Favela da Spama, onde vivia o garoto, por volta das 17h. De acordo com os organizadores, cerca de 70 pessoas participaram do ato, que contou com uma roda de conversa para conscientizar a população sobre a violência policial nas periferias. Os pais de Dolinha estiveram presentes na caminhada. Marisa e Sebastião ficaram muito emocionados ao falar do filho e, novamente, acusaram a polícia pela morte.

    Roda de conversa sobre violência policial durante ato | Foto: Arquivo pessoal

    O trajeto tinha dois destinos: o primeiro era uma base da Polícia Militar próxima da comunidade e o segundo o local da batida. Quando a caminhada estava por começar, os moradores ficaram com certo receio de ir até a base da PM-SP e sofrer algum tipo de represália, mas o ato saiu por volta das 18h. Durante o percurso, os moradores clamaram por justiça pela morte de Dolinha e pediram o fim do abuso de poder da polícia.

    Fernando Ferreira, integrante da Rede, disse em entrevista à Ponte que, ao chegar na base da PM, policiais tentaram intimidar o protesto. “A polícia ameaçou buscar bomba e jogar contra o ato, hostilizaram a caminhada, mas ficou só na ameaça verbal. Eles tentaram dispersar a caminhada, mas pedimos para a galera ficar firme. Abrimos uma faixa para os carros passarem e continuamos mais pro canto, para evitar que a polícia tomasse uma atitude mais energética”, relata.

    Mesmo com o clima tenso, os moradores saíram da base e foram até o local do acidente, onde uma oração foi feita para Dolinha. “O poste onde aconteceu a batida está quebrado”, aponta Fernando. A dispersão aconteceu às 19h de forma pacífica. Integrantes do Movimento dos Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) comparecerão no evento.

    Homenagem musical

    O momento mais emocionante do ato aconteceu quando algumas crianças cantaram uma música de MC Kevinho em homenagem ao Dolinha. Veja o vídeo:

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