Editorial | Contra o autoritarismo, pelos direitos humanos, apoie a Ponte

    A democracia brasileira está ameaçada pela eleição de um ‘mau militar’, homofóbico e defensor da tortura. Saiba como você pode ajudar

    Algo perigoso e assustador ocorreu hoje na noite deste domingo (28/10) no Brasil. Mas você não vai tomar conhecimento disso lendo a maioria dos grandes veículos de comunicação nacionais. É mais fácil saber o que se passa no Brasil pela imprensa estrangeira.

    Como o New York Times, que noticiou: “Populista de extrema-direita é eleito presidente do Brasil”. Jair Bolsonaro, “um campeão da ditadura de 1964-1985 a que ele serviu”, nas palavras do Wall Street Journal. “Um populista de direita, pró-armas e pró-tortura”, segundo o Guardian. O novo presidente do Brasil também é chamado de um extremista de direita por veículos como Washington Post e Le Monde, para ficar em alguns.

    Uma definição que dificilmente você verá na imprensa daqui (uma exceção é El País). Por aqui, o presidente eleito é apenas Jair Messias Bolsonaro, o capitão. Extremista? Imagina.

    Fortaleça a Ponte Jornalismo

    Bolsonaro, a quem o ditador Ernesto Geisel chamava de “mau militar”, já defendeu o fechamento do Congresso, seu filho já falou em fechar o STF e seu vice também mencionou a possibilidade de um autogolpe de Estado. Hoje, a fala dupla que adotou em seus dois discursos de posse, se não chega a usar o tom habitual do político, que há poucos dias falou em “varrer do mapa” a oposição, também não dá para ser visto como tranquilizador. O mesmo presidente que lê um discurso escrito falando em defender a Constituição e as liberdades  democráticas, no momento em que resolve discursar de improviso, volta a falar no ataque a opositores que “flertam com o comunismo”.

    E não dá para esquecer que o novo presidente do Brasil conseguiu o apoio de milhões de eleitores por meio do ataque sistemático aos direitos humanos e das mentiras que conta a respeito da ditadura militar, chegando ao ponto de negar o assassinato do jornalista Vladimir Herzog e mencionar como herói o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. Como também não dá para esquecer que uma das bandeiras de Bolsonaro é a concessão de licença para matar aos policiais em atividade.

    O perigo, é preciso reconhecer, vai muito além de Brasília. Pior do que as possíveis medidas do presidente no Planalto são as ações de seus seguidores nas ruas. Desde o primeiro turno das eleições, dezenas de ataques passaram a ser cometidos por admiradores de Bolsonaro contra pessoas LGBTs, negros, mulheres e todos que alguém resolva identificar como de esquerda.

    É hora da resistência. O país só vai deixar de ser uma democracia se os defensores do sistema democrático abrirem mão do seu papel. E quem são esses defensores? Estão no Judiciário, no Legislativo, nas ruas e também na imprensa livre. “A democracia morre na escuridão” foi o lema adotado pelo jornal Washington Post após a vitória nos EUA de Donald Trump.

    Nós estamos na luta, com você, pela democracia brasileira. Se a Ponte Jornalismo era importante quando foi criada, em 2014, com o objetivo de contribuir para a democracia brasileira por meio da defesa dos direitos humanos, hoje tornou-se fundamental. Mais do que nunca, as questões dos direitos humanos e do aparelho repressivo do Estado, da violência sistemática contra a população pobre, preta e periférica, tornaram-se centrais para a vida política brasileira.

    Temos muito trabalho pela frente, mas nos faltam braços: atualmente, temos apenas dois profissionais remunerados com atuação permanente na Ponte. Todo o restante da equipe é voluntário. Temos gastos com advogados, porque ninguém faz o que fazemos sem levar processos. E só com mais recursos e mais profissionais poderemos dar conta da missão, cada vez mais dura e difícil, que abraçamos. Venha com a gente.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

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