Corregedoria da PM investiga ataques que mataram 18 pessoas em Osasco e Barueri

    Investigação apura se ataques foram retaliação às mortes de um policial militar e de um guarda civil metropolitano, em Osasco e Barueri, ocorridas na última semana
    Bandidos perguntaram às pessoas em bar de Barueri quem tinha passagem na polícia para selecionar quem seria executado
    Bandidos perguntaram às pessoas em bar de Barueri quem tinha passagem na polícia para selecionar quem seria executado

    A Corregedoria da PM (Polícia Militar) entrou oficialmente na investigação sobre a série de atentados em Osasco e Barueri, na noite de quinta-feira (13), que terminou com 18 pessoas mortas e 6 feridas. A participação do órgão na apuração se deve à principal linha de raciocínio da investigação, que remete à retaliações de agentes às mortes de um PM (policial militar) em Osasco, na sexta-feira (7), e de um GCM (guarda civil metropolitano) na quarta-feira (12), em Barueri.

    Neste sábado (15), laudos parciais do Instituto de Criminalística confirmaram que estojos e projéteis encontrados nos locais dos atentados pertencem a armas de calibre 38, 380 – ambas de uso da GCM (Guarda Civil Metropolitana); 9 mm – de uso restrito das Forças Armadas e PF (Polícia Federal); e 45 – utilizada pelas polícias federal, militar e civil. Também neste sábado, foi anunciado que a polícia e o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) vão trabalhar em conjunto nas investigações. Pelo menos dois carros e uma moto utilizados nos ataques já teriam sido identificados.

    A série de atentados nas duas cidades da região metropolitana de São Paulo é a maior desde a onda de violência que atingiu o Estado em maio de 2006, durante o enfrentamento entre a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e as forças de segurança. E há especulações de mais crimes pela frente. Além de supostos toques de recolher que teriam sido gravados por bandidos após o massacre do dia 13, policiais começaram a se movimentar para recuperar a arma do cabo Avenílson Pereira de Oliveira, executado enquanto pagava a conta em um posto de combustível na avenida dos Autonomistas, Osasco, no último dia 7.

    Inicialmente, um outro atentado, em Itapevi, estaria incluso na série de atentados da última quinta-feira. O secretário da Segurança Pública do Estado, Alexandre de Moraes, afirmou, na segunda coletiva de imprensa concedida na sexta-feira (14) que aquele crime não tinha ligação com a série de atentados. Portanto, o número de mortos foi corrigido de 19 para 18 e, sendo assim, trata-se da 11ª chacina ocorrida na região metropolitana de São Paulo, com 71 vítimas fatais, no ano de 2015.

    O primeiro e maior dos ataques desta quinta-feira aconteceu às 20h30. Foi contra frequentadores de um bar no Jardim Munhoz Júnior, na divisa entre Osasco e Barueri. Dez homens foram baleados – quatro morreram no bar e outros seis, no hospital. Com dez vítimas, essa foi a terceira maior chacina (um ataque com três ou mais vítimas no mesmo lugar) no Estado de São Paulo. As duas primeiras ocorreram também em cidades da região metropolitana, nos anos 1990: 12 mortos em um bar em Taboão da Serra, em junho de 1994; e 12 mortos também em um bar de Francisco Morato, em junho de 1998.

    Os atiradores se portaram como policiais e, depois de colocar as vítimas contra a parede, perguntaram quem tinha passagem pela polícia e atiraram contra quem respondeu positivamente. A série de atentados obrigou Alexandre de Moraes a criar uma força tarefa para investigar os crimes. Ao todo, 50 policiais civis trabalham na busca por pistas dos assassinos. Mais oito médicos legistas e 12 peritos foram acionados para agilizar análise e liberação dos corpos das vítimas. “Não é descartada a possível relação com dois outros latrocínios que ocorreram na sexta-feira passada e o outro em Barueri”, afirmou o secretário. Na verdade, o cabo Pereira foi executado na última sexta-feira, portanto, vítima de um homicídio.

    As vítimas

    Na rua Antônio Benedito Ferreira, em Osasco, morreram:
    – Fernando Luiz de Paulo, de 34 anos
    – Eduardo Oliveira dos Santos, de 14 anos
    – Thiago Marcos Damas, de 32 anos
    – Leandro Pereira Assunção, de 36 anos
    – Antônio Neves Neto, de 40 anos
    – Tiago Teixeira da Souza
    – Adalberto Brito da Costa
    – Igor Silva Oliveira

    Na rua Moacir Sales D’Ávila, em Osasco, morreu:
    – Rafael Nunes de Oliveira, de 23 anos

    Na rua Cuiabá, em Osasco, morreu:
    – Presley Santos Gonçalvez, de 26 anos

    Na avenida Eurídico da Cruz, em Osasco, morreu:
    – Eduardo Bernardino César, de 26 anos

    Na rua Professor Sud Menucci, em Osasco, morreu:
    – Rodrigo Lima da Silva, de 16 anos

    Na rua Vitantônio D’Abril, em Osasco, morreu:
    – Deivison Lopes Oliveira, de 26 anos

    Na rua Irene, em Barueri, morreram:
    – Jailton Vieira de Silva, de 28 anos
    – Joseval Amaral da Silva, de 37 anos

    Na rua Carlos Lacerda, em Barueri, morreu:
    – Wilker Thiago Correa Osório, de 29 anos

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas