Depois de matar jovem na zona leste de SP, PM joga bomba dentro de uma casa

    Vídeo mostra um policial militar jogando uma bomba de efeito moral dentro de uma casa após ato em repúdio à morte de morador do bairro Jardim Nove de Julho, periferia da zona leste de São Paulo

    A morte de Rafael Aparecido Almeida de Souza, 23 anos, após levar um tiro de um policial militar no começo da madrugada de domingo (5/5), na zona leste de São Paulo, gerou indignação na comunidade, que organizou um protesto na região. Um vídeo obtido pela Ponte, gravado pouco tempo depois da morte de Rafael, mostra um grupo de PMs na mesma rua onde houve o crime, quando um dos agentes lança uma bomba dentro de uma das casas.

    Na versão da polícia, o tiro foi acidental. Um rapaz teria tentado tomar a arma de um dos policiais durante uma abordagem e, quando o agente puxou a mão do suspeito, o disparo aconteceu. Rafael teria sido reconhecido posteriormente como a pessoa que investiu contra o PM. A família afirma que Rafael foi atingido no peito, sem esboçar qualquer reação.

    Rafael tinha 23 anos | Foto: arquivo pessoal

    No boletim de ocorrência do caso, há o registro de um “tumulto generalizado” decorrente de um ato de protesto convocado por moradores da região na esquina da avenida Aricanduva com a rua das Capitanias ,local do disparto. De acordo com familiares, a PM interveio para conter a manifestação. De acordo com a versão dos policiais, manifestantes jogaram pedras contra a viatura.

    Rogerio Souza, tio de Rafael, relata que a polícia jogou bombas pela rua inteira e que, dentro da casa em que o PM jogou uma das bombas, havia uma criança que teve de ser socorrida.

    “Eles saíram jogando bomba pela rua. Dentro dessa casa tinha uma criança, uma menininha. Eu que socorri, levei pro hospital, ela chegou vomitando no hospital”, disse Souza. “Um homem deficiente tava entrando pra dentro dessa casa, eles quiseram entrar pra dentro de casa porque acharam que esse homem tava na manifestação”, apontou.

    Momento em que PM lança bomba dentro da casa de um morador da zona leste de SP | Foto: reprodução

    Testemunhas também relataram que que a rua onde o protesto aconteceu ficou tomada por viaturas e policiais militares com escudo e armas de bala borracha. Era possível ouvir um helicóptero sobrevoando a área.

    A reportagem procurou a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública), que informou que “todas as circunstâncias referentes a ação policial são apuradas”. A pasta, no entanto, não explicou qual seria a operação que a PM cumpria na região.

    Para o coronel José Vicente da Silva, que já comandou a PM de São Paulo e foi secretário nacional de Segurança Pública do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), aparentemente, as imagens mostram que houve abuso do PM em arremessar a bomba dentro da residência.

    “É permitido jogar bomba quando há possibilidade de ter criminosos, para que o criminoso saia do local após a prática do crime. A única coisa que da pra perceber ali é o arremesso da bomba. Caso confirmado, é um erro grave e o policial pode ser punido”, disse o coronel.

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