Em seis dias, ataques atingem três travestis eleitas em SP

    Covereadora Samara Sosthenes (PSOL) registrou neste domingo (31) boletim de ocorrência sobre disparo efetuado em frente à sua casa: “Revoltada e acima de tudo preocupada com minha família”

    Da esquerda para a direita: a covereadora Carolina Iara, a vereadora Erika Hilton e a covereadora Samara Sosthenes, todas do PSOL | Foto: Reprodução

    Pela terceira vez em menos de uma semana, em pleno Mês da Visibildiade Trans, uma travesti eleita em São Paulo foi vítima de ataques. Na madrugada deste domingo (31/1), a vítima foi a covereadora Samara Sosthenes (PSOL), do Mandata Coletiva Quilombo Periférico, que teve disparos de arma de rua em frente à sua casa.

    Segundo a assessoria da covereadora, um homem chegou em uma motocicleta e efetuou um tiro para o alto em frente a casa onde mora Samara, sua mãe e irmãos. O mandato destacou que “o fato não está isolado, uma vez que outras vereadoras eleitas pelo PSOL sofreram atentados e ameaças diretas a sua integridade física”.

    Em contato com a Ponte no início da madrugada deste segunda-feira (1/2), a covereadora disse estar bem, mas temendo pelos ataques. “Estou com medo e também revoltada pelo que aconteceu, e acima de tudo preocupada com a minha família. Esse é o sentimento que está em mim neste momento”. 

    Leia também: Mesmo com pandemia, Brasil registra recorde de transfeminicídios em 2020

    Samara destacou os outros ataques e perseguições que aconteceram na semana. “Esses três ataques a mulheres trans que estão em espaço de poder, ocupando a Câmara de São Paulo, em espaços de decisões e que incomodam muita gente, são alertas, mas nós não vamos nos calar”. 

    O caso foi registrado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) na noite deste domingo como disparo de arma de fogo e ameaça. Foi solicitado perícia técnica para o local e, segundo a vereadora, uma pessoa testemunhou o ocorrido, mas não quis prestar depoimento.

    Para a Polícia Civil, Samara disse que acredita que a motivação pode ter sido política ou transfóbica, “razão pela qual se sente ameaçada e teme pela sua integridade física”, conforme boletim de ocorrência.

    Os episódios de ataques e perseguições recentes começaram no último dia 26 de janeiro. A vereadora Erika Hilton (PSOL), primeira travesti a ocupar uma cadeira na Câmara de São Paulo, relatou ter sido perseguida por um homem dentro da Casa.

    Na madrugada do mesmo dia, dois tiros acertaram a casa da covereadora Carolina Iara (PSOL), que é travesti intersexo e foi eleita com a Bancada Feminista, na região de Itaquera, zona leste de São Paulo. O ataque resultou em um dos projéteis alojado na parede da sala da covereadora e outro no muro.

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    Carolina estava em casa com a mãe e o irmão, mas ninguém ficou ferido. Imagens de câmera de segurança de um vizinho mostram um carro branco, com vidros escuros, parado na frente da casa da covereadora por aproximadamente 3 minutos, entre às 2h07 e o momento dos tiros, às 2h10.

    Nesta semana, as três vereadoras estiveram ativas em eventos da Semana da Visibilidade Trans.

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