Em vídeo, PMs espancam homem rendido e moradores que tentaram ajudar

    Três pessoas foram agredidas na ação policial em Barueri, na Grande SP; vítimas foram registradas como autores de crime

    Policiais militares agrediram três homens negros na noite desta sexta-feira (12/6) na avenida Henrique Gonçalves Batista, no Jardim Belval, em Barueri, Grande SP. Um dos homens já estava rendido e outros dois eram moradores da região que tentavam impedir as agressões.

    Dois vídeos, obtidos pela reportagem, mostram toda a ação policial. No primeiro, é possível ver um policial militar conversando com a vítima, de 29 anos, rendida, com os braços para trás. O policial tenta pegar o braço do jovem, que retira o braço da sua direção. O policial, então, saí andando.

    Pouco depois, em um segundo vídeo, o homem está sentado na calçada, mexendo no celular. Uma viatura da PM para na sua frente. Assim que a viatura para, o homem levanta, com as mãos na cabeça.

    Leia também: PMs são filmados torturando jovem e ameaçando comunidade

    Apesar disso, os policiais militares o agridem. Moradores da região começam a questionar a ação da PM. Dois outros homens, um servente de pedreiro e outro vendedor, são agredidos. Cerca de seis PMs participam da ação.

    Mas a versão foi registrada na Delegacia de Polícia de Barueri como desacato, lesão corporal e resistência. Só dois PMs são citados no relato: Alisson Fogaça Vieira Gomes e Ricardo Ribeiro Ramos. A vítima aparece como autor das ações. Os dois homens que tentam ajudar, e também são agredidos, aparecem como vítimas e autores.

    Segundo a versão policial, assinada pelo delegado Celso Luiz de França, os PM foram chamados para apurar uma denúncia de “compra e venda de entorpecentes” em um local “já conhecido como ponto de tráfico de drogas”.

    Leia também: Quatro são mortos em ataques na Grande SP; um dos locais é o mesmo de maior chacina

    Ao ver a PM, a vítima teria assoviado e, com isso, outras pessoas que ali estavam saíram correndo. Segundo os PMs, a vítima se recusou a ser revistada e desacatou os policiais, que decidiram chamar reforços. Os policiais ainda afirmaram que, mesmo com o reforço, o homem resistiu e “tiveram que usar de força necessária para conduzi-lo”.

    Procurado, o ouvidor das polícias de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, não se pronunciou. Por meio de sua assessoria de imprensa, sugeriu que a reportagem usasse uma nota que o ouvidor já tinha enviado a respeito de outro caso de violência policial, ocorrido neste sábado (13/6) na zona norte paulistana.

    Nota enviada à reportagem pela Ouvidoria das Polícias de SP

    Segundo a assessoria do ouvidor, a mesma nota valeria para os dois casos. A mensagem foi acompanhada de um emoji olhando para cima.

    Leia também: PMs são filmados torturando jovem e ameaçando comunidade

    O mesmo aconteceu com o posicionamento do governador João Doria (PSDB). Pelo Twitter, Doria se manifestou pelos dois casos: “absolutamente condenável as atitudes dos policiais militares que abusaram da força, em duas ações policiais, uma na capital e outra em Barueri”.

    Assim como a SSP, que informou que “os excessos registrados nas ações policiais na capital e em Barueri são lamentáveis e não condizem com as práticas da Polícia Militar, que diariamente atende a mais de 80 mil chamados para proteger e salvar vidas”.

    A pasta afirmou que os policias envolvidos nas ocorrências foram imediatamente afastados de suas funções e respondem a inquéritos militares.

    “A Corregedoria acompanha de perto as investigações e o Ministério Público será notificado. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não tolera desvios de conduta e apura com rigor todas as denúncias”, finalizou.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas