Entidade do Ceará denuncia na ONU violência contra negros no Brasil

Em evento em Nova York, Centro de Defesa da Criança e do Adolescente cearense citou chacina do Curió, em Fortaleza, e destacou a falta de dados sobre violações no sistema socioeducativo

Ingrid Lorena, do Cedeca-CE, apresentando denúncia na ONU
Ingrid Lorena, do Cedeca-CE, apresentando denúncia na ONU | Foto: Cedeca-CE

O Cedeca-CE (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente do Ceará) participou nesta semana do 2º Fórum Permanente de Afrodescendentes da Organização das Nações Unidas, em Nova Yourk, nos Estados Unidos.

A organização apresentou no fórum dados e casos de violência policia e violações aos diretos das crianças e adolescentes no Brasil, sobretudo as que afetam a população negra. A participação do Cedeca no fórum também destacou a falta de sistematização e publicidade dos dados do sistema socioeducativo.

“Hoje o sistema socioeducativo cearense tem mais de 70% de adolescentes negros, e sabemos que dentro das unidades acontecem casos de tortura, e a gente identifica que não há protocolos eficazes para apuração desses casos”, disse a coordenadora do núcleo de monitoramento do Cedeca-CE, Ingrid Lorena, que esteve em Nova York.

Segundo ela, a última atualização sistemática dos dados socioeducativos aconteceu em 2017, e desde então “temos uma fragilidade na sistematização e publicização desses dados, o que afeta a leitura e o contexto de como e quais condições a população negra tem vivenciado”.

A organização também citou no fórum a chacina de Curió, em Fortaleza, que tirou a vida de 11 pessoas, em novembro de 2015, e vai começar a levar policiais militares ao banco dos réus. No próximo dia 20 de junho, os primeiros quatro PMs, de 34 acusados, devem ir a julgamento.

No fórum da ONU, Ingrid conta que foi destacado que é fundamento “o júri que vai acontecer do caso, pois é bem emblemático para mostrar a importância da responsabilização do Estado, principalmente quando temos casos de violência letal como esse”.

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A coordenadora do Cedeca ressaltou a relevância de ter apresentado o caso e ter participado da construção da agenda antirracista com outros países. “O racismo estrutural afeta e mata diariamente diversas pessoas africanas e afrodescendentes no mundo inteiro, então isso é uma discussão e um reconhecimento necessário, sobretudo no Brasil, que ainda tem muitas pessoas que negam esse fato”.

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