Ex-PM que se intitulava mercenário e autor de 54 mortes é assassinado em SP

    Eudes Aparecido Meneses, 52 anos, falava com orgulho que seu ‘negócio sempre foi matar bandido’;  ele atuou na Guerra do Iraque

    Ex-PM orgulhava ser autor de 54 mortes de ‘bandidos’ | Foto: divulgação

    Matador de bandido e mercenário da Guerra do Iraque. Esta era a fama do ex-policial militar Eudes Aparecido Meneses, de 52 anos, morto na frente de casa na noite de quarta-feira (4/4). Em outubro de 2010, ele havia sido preso após passar 10 anos foragido acusado por dois homicídios e um latrocínio cometidos na década de 1990.

    Segundo informações da polícia, o ex-PM estava em sua casa no bairro de Santana, zona norte de São Paulo, quando recebeu um telefonema. A esposa explicou em depoimento que, logo após ver o marido sair de casa, ouviu tiros e o encontrou caído no chão, baleado duas vezes. Resgatado ao Hospital do Mandaqui, o ex-policial não resistiu aos ferimentos e morreu.

    Informações extraoficiais apontam balas de calibre .40 encontradas na Rua Benta Pereira, local do crime, com seis disparos feitos pelos assassinos. A Polícia Civil ainda não sabe detalhes sobre os autores e o 13º DP, da Casa Verde, é responsável pela investigação do homicídio simples, como foi registrado.

    Segundo o boletim de ocorrência deste caso, Meneses foi demitido da PM em 2001 pois teria envolvimento com máquinas caça-níquel. Em contato com a Ponte por telefone, a assessoria de imprensa da SSP explicou que, apesar de demitido, o ex-policial permanece com porte de arma.

    ‘Meu negócio sempre foi matar bandido’

    Ao longo dos 18 anos na carreira como PM, Eudes Aparecido Meneses criou um legado de crimes. Preso em outubro de 2010 acusado de dois homicídios e um roubo seguido de morte (latrocínio), ele se orgulhou em falar deste histórico. “Tenho 54 homicídios, mas sempre em serviço (quando o PM está no horário de trabalho, não em folga), contra bandidos”, declarou, à época, ao jornal Folha de S. Paulo.

    Parte dos crimes cometidos pelo PM em trabalho foram enquadrados em “resistência seguida de morte”, definição anterior para “morte decorrente de intervenção policial”, termo atual usado pela SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) para tratar de homicídios por policiais em trabalho.

    Antes de ser preso, Eudes passou 10 anos foragido. Neste intervalo, informações apontam que ele atuava como segurança na Guerra do Iraque, atuando como mercenário para empresas dos Estados Unidos e Inglaterra. “Sou mercenário. Meu negócio sempre foi matar bandido”, disse, ainda na prisão em 2010,feita por policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

    Também fez parte da Legião Estrangeira Francesa e integrou a segurança do então presidente da Venezuela Hugo Chávez, morto em março de 2013. Parte do tempo em que integrava a PM, Meneses ganhou a fama de integrar um grupo de extermínio denominado A Firma.

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