Ex-vigilantes de penitenciária em Goiás acusados de estupro por detentas estão foragidos

    Promotoria afirma que troca de turno atípica facilitou estupro na penitenciária de Pontalina, cidade distante 119 quilômetros da capital Goiânia

    Fachada da Penitenciária de Pontalina, que tem fachada similar à uma casa comum | Foto: Reprodução TJ-GO

    O Ministério Público de Goiás denunciou dois ex-vigilantes penitenciários por estupro de duas detentas, em Pontalina, região norte do estado de Goiás, no início do mês de junho. Nesta quarta-feira (23/7), Túlio Rosa da Silva e Leandro Santana Rezende Chaves tiveram a prisão preventiva decretada pela Polícia Civil, mas permanecem foragidos.

    O estupro das detentas, que têm entre 25 e 30 anos, aconteceu no dia 5 de junho quando o diretor interino da unidade prisional, Mozart Teixeira, que substituiu o diretor, Geraldo Barbosa, comunicou o caso e passou a fornecer informações à delegacia de Polícia Civil da cidade. A penitenciária, construída com doações de moradores e entregue à população há menos de um ano, tem capacidade para 92 pessoas, mas mantém cerca de 100.

    Diante da denúncia, as vítimas foram ouvidas e passaram por exame de corpo delito no IML (Instituto Médico Legal) de Morrinhos, município próximo de Pontalina. O resultado atestou “conjunção carnal por meio de violência psicológica”, confirmando as acusações.

    Segundo o promotor Guilherme Vicente de Oliveira, no dia 15 de junho, as vítimas, que ocupavam a mesma cela, começaram uma discussão e foram levadas até uma sala do presídio, onde ficaram algemadas, retornando para cela algum tempo depois. No mesmo dia, durante a noite, Túlio e Leandro voltaram à cela e afirmaram que o diretor queria falar com as duas sobre o desentendimento.

     Em seguida Túlio levou uma das mulheres para uma sala, onde teve relação sexual com ela contra sua vontade. Para pressioná-la, ele disse que caso ela não aceitasse, ele assinaria uma falta disciplinar, o que poderia inviabilizar o benefício da sua progressão de regime. Leandro levou a outra até uma outra sala e usou o mesmo argumento para praticar o estupro sobre um colchão.

    Para o promotor, a pena para os acusados pode variar de seis a dez anos de prisão, com possibilidade de pena aumentada, considerando a autoridade que os vigilantes exerciam sobre as vítimas.

    Maxsuell Miranda das Neves, presidente do SINSEP-GO (Presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema de Execução Penal do Estado de Goiás), contou que os ex-agentes tinham contrato temporário de um ano. Os dois homens trabalhavam na unidade prisional de Pontalina desde o dia 15 de abril e, após as denúncias virem à tona, dois meses depois, tiveram os contratos encerrados. “O sindicato não comunga com o crime”, complementa Max, diante da denúncia envolvendo os ex-agentes.

    Por telefone, na manhã desta quinta-feira (24/7), o delegado Patrick Carniel, que investiga o caso, disse que a polícia ainda não conseguiu localizar os suspeitos. Carniel também confirmou à Ponte que, no dia seguinte ao estupro, os dois ex-vigilantes foram desligados das atividades na penitenciária.

    Em nota, a DGAP (Diretoria Geral de Administração Penitenciária), ligada à SSP-GO (Secretaria de Segurança Pública), afirmou que “todo apoio psicológico está sendo prestado às vítimas”. A defesa dos acusados não se pronunciou até o momento.

    *Reportagem atualizada às 19h01 do dia 25/7

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