Família acusa PMs por morte de jovem em Santo André (SP)

    Chorando muito, a mãe de Lucas Luis dos Santos Silva afirmou que o filho só teve tempo de colocar a mão no pescoço, onde foi atingido, e pedir socorro a um amigo antes de morrer

    Lucas Luis dos Santos Silva, 21 anos, deixa dois filhos e uma esposa - Foto: Arquivo Pessoal
    Lucas Luis dos Santos Silva, 21 anos, deixa dois filhos e uma esposa – Foto: Arquivo Pessoal

    O motorista de caminhonete Lucas Luis dos Santos Silva, de 21 anos, foi morto com um tiro na parte de trás do pescoço na tarde do último domingo (30), em Santo André, no ABC Paulista. Ele havia acabado de votar e caminhava até a casa da tia, onde iria almoçar com a família. Ele deixa pai, mãe, esposa e dois filhos, um de 3 anos e outro de 1 ano.

    A mãe de Lucas, Josinere Pereira dos Santos, conversou com a reportagem da Ponte Jornalismo na tarde desta segunda-feira (31) chorando muito. Lucas era seu filho único. “Era trabalhador, muito brincalhão, sempre feliz. Por onde andava, deixava o ambiente para cima. Foi uma perda muito grande para toda a família”, disse.

    O crime aconteceu na rua Fernando de Noronha, na Vila Sacadura Cabral, por volta das 15h20. Apenas cinco horas e meia depois os três policiais militares da Rocam envolvidos no caso comunicaram a Polícia Civil. O trio de PMs é da 2ª companhia do 10º BPM-M.

    De acordo com testemunhas, um rapaz fugia em uma moto de três policiais, divididos em outras três motocicletas. Alguém, na rua, teria atirado alguma pedra contra uma PM. O último policial na fila da perseguição, então, atirou em Lucas, que estava de costas.

    Lucas Luis dos Santos Silva, 21 anos, deixa dois filhos e uma esposa - Foto: Arquivo Pessoal
    Lucas Luis dos Santos Silva, 21 anos, deixa dois filhos e uma esposa – Foto: Arquivo Pessoal

    À Polícia Civil, os três policiais militares envolvidos, Murilo Cassiano, de 36 anos, Alex Jacomin, 30, e Jessica Fernanda Santana, 21, afirmaram que não viram e nem ouviram nenhum tiro no local enquanto estavam lá. E que souberam que alguém foi morto por ferimento causado por bala de fogo 30 minutos depois.

    O pai da vítima, José Luís da Silva Filho, afirmou que testemunhas localizaram um cartucho deflagrado de uma munição calibre .40 no local. Ele entregou o cartucho no 4º DP de Santo André, onde o caso foi registrado, antes de ser encaminhado ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

    A mãe, afirmou à Ponte que “foi polícia, sim. Tenho certeza. Todo mundo viu”, disse. “Até onde a gente sabe, tinha um moleque com uma moto dando fuga, tem vários testemunhos, aí veio as três motos da PM. Alguém jogou alguma pedra na policial, o outro, que vinha atrás, atirou. Não teve confronto. Foi só um único tiro”.

    “Eu tava na casa da tia dele. A gente ia almoçar lá. Ele tava chegando. A casa da tia dele é na esquina de onde tudo aconteceu. O Lucas nem viu o movimento todo. Ele foi atingido por trás. Só deu tempo dele por a mão no pescoço, pedir ajuda, socorro, para um amigo, dizer que estava sangrando e caiu. Não deu 15 minutos e o médico falou que ele estava morto”, afirmou à reportagem em prantos.

    Outro lado

    A reportagem solicitou ao secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Mágino Alves Barbosa Filho, esclarecimentos sobre o crime. Até a publicação desta reportagem, a CDN Comunicação, empresa contratada para fazer a assessoria de imprensa da pasta estadual, não havia se manifestado.

    Confira o que foi perguntado à SSP:

    1) Lucas foi morto por PMs?

    2) O cartucho deflagrado de uma munição .40 é um dado importante para esclarecer o crime?

    3) Qual a posição do secretário Mágino Alves Barbosa Filho sobre o caso?

    4) Por gentileza, solicitamos entrevistas com os três policiais militares envolvidos no caso.

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