Família de João Pedro protesta: “O governador precisa conhecer o que é uma comunidade”

    Pai do garoto, morto aos 14 anos em operação policial no RJ, Neilton Pinto cobra Wilson Witzel e considera que afastamento de 3 policiais ‘mostra que houve um grande erro’

    Familiares e amigos protestam pela morte de João Pedro | Foto: Arquivo/Ponte

    Parentes e amigos de João Pedro Mattos Pinto, 14 anos, realizaram um protesto na tarde de sexta-feira (21/5) para cobrar respostas do governo de Wilson Witzel (PSC). O garoto morreu na segunda-feira (18/5), no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), baleado em operação policial.

    “O governador precisa conhecer de perto o que é uma comunidade, e reconhecer que a tática que sua polícia tem adotado é um fracasso, por isso não é suficiente”, afirma o pai do garoto, Neilton Pinto. João estava dentro da casa do primo brincando quando baleado.

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    O trabalhador autônomo foi quem puxou o ato. Ele vestia uma camiseta com o rosto e o nome do filho. Durante aquela tarde, conta que recebeu apoio dos colegas e amigos de João Pedro.

    Neste sábado, o portal G1 informou que a Polícia Civil do Rio de Janeiro afastou três policiais civis do trabalho das suas, mantendo seus salários, por conta da ação na segunda, que vitimou João Pedro.

    Naquela noite, as polícias Civil e Federal entraram no Complexo do Salgueiro para combater o tráfico de drogas. João Pedro brincava na sala da casa quando atingido por um tiro de fuzil na barriga. Ele foi socorrido de helicóptero e o pai buscou por 17 horas até encontrar o garoto morto.

    Neilton explica que recebeu a notícia do afastamento pelo noticiário. “Recebi a notícia do afastamento através do portal G1. A decisão mostra que houve um grande erro de comando”, afirma, à Ponte.

    Na quarta-feira (20/5), o senhor afirmou que não havia recebido nenhum contato do governo fluminense. Depois disso, recebeu um telefonema, mas não detalhou o que foi tratado.

    João Pedro é o quinto adolescente morto pelas polícias do Rio de Janeiro em 2020. Segundo levantamento do aplicativo Fogo Cruzado, plataforma digital que registra tiroteios e violência armada, um jovem de 12 a 17 anos morre por mês no estado em operações da polícia.

    Garoto brincava com os primos quando baleado na barriga |Foto: Reprodução

    Depois dele, João Vitor, 18 anos, e Rodrigo Cerqueira, 19, morreram em ações policiais no Rio. Ambos estavam na rua quando a polícia agiu e, ao mesmo tempo, entidades distribuíam cestas básicas para famílias atingidas pela crise econômica causada pela pandemia do coronavírus.

    Por causa dessas ações interrompidas que Witzel determinou que as operações não aconteçam nas datas das entregas. A decisão foi informada às polícias Civil e Militar em reunião neste sábado, como publicou o jornal O Dia.

    Na quarta-feira, Neilton Pinto afirmou que esperava que seu filho fosse o último a morrer em operações policiais. Questionado sobre as mortes de João Vitor e Rodrigo, após o assassinato de João Pedro, o homem disse que se sente “ainda mais chocado e decepcionado com o despreparo da polícia”.

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