Para ex-secretário de Segurança Nacional, José Vicente Filho, reforço de 15 mil homens para as eleições é desnecessário, pois “crise da segurança no Rio é de amplitude e profundidade”
As eleições municipais do próximo domingo (2/09) no estado do Rio de Janeiro ocorrerão com reforço do esquema de segurança. Foram convocados 15 mil militares da Força Nacional em 11 municípios do estado. Contarão com o reforço da Força Nacional os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João do Meriti, São Gonçalo, Belford Roxo, Campos, Macaé, Magé, Queimados e Japeri, além da capital.
De acordo com o ex-secretário de Segurança Nacional, José Vicente Filho, a convocação é desnecessária, pois a PM “dá conta”, conforme informou ao jornal O Dia. Para ele, “o estrago eleitoral da violência no estado já está feito com as mortes de candidatos e os pedágios das milícias”.
Na avaliação de Vicente Filho, a crise da segurança no Rio é “de amplitude e profundidade, envolvendo uma estratégia ampla que não tem e os fragilizados recursos estaduais: PM [Polícia Militar], PC [Polícia Civil], CB [Corpo de Bombeiros]. A eleição está garantida. Eleitos e eleitores, não. O Rio está entrando numa aguda crise de segurança e isso deve ser prioridade do governo”.
Segundo dados da Polícia Civil, desde janeiro, 14 pessoas ligadas à partidos políticos foram assassinadas. O caso mais recente foi o do candidato à vereador pelo Partido Progressista (PP) e presidente da Portela, Marcos Falcon, executado a tiros em seu comitê de campanha, em Madureira, zona norte do Rio, na última segunda-feira (26).
O reforço da Força Nacional no aparato de segurança das eleições também foi alvo de críticas do desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), João Batista Damasceno. “Nunca fui a favor de convocar forças externas, aparatos repressivos militares do Estado, que não compreendem os conflitos internos dessas comunidades e, portanto, são ineficazes”, afirmou ele, em entrevista ao jornal O Dia.
Segundo Damasceno, que foi juiz eleitoral nos municípios de Magé e Nova Iguaçu, a violência é tomada como solução de conflitos na Zona Oeste do Rio e na Baixada Fluminense, regiões “marcadas pelo mandonismo e caciquismo, pelo mando local”, onde “as eleições municipais acirram os interesses e os conflitos”, o que não ocorre, por exemplo, no contexto das eleições presidenciais.