Garota de 14 anos leva tiro de bala de borracha no olho em ação da PM

    Policiais são gravados agredindo jovens com cassetete na zona leste de SP; no mesmo local, adolescente foi baleada

    Uma adolescente de 14 anos foi baleada no olho em uma ação policial na região de Sapopemba, zona leste de São Paulo, na noite de sábado (15/12). No mesmo dia e local, policiais militares agrediram com golpes de cassetetes outras garotas na rua do Parque Santa Madalena.

    Segundo a família da jovem, ela participava de uma festa na casa de uma amiga quando a PM chegou e as mandou entrar. As garotas estavam no portão e dois policiais fizeram a abordagem, um deles visivelmente irritado, conforme os relatos.

    “Um policial veio na direção delas xingando e falando palavrões, neste momento um outro policial veio por trás do primeiro e efetuou o disparo de bala de borracha acertando o olho”, explica Damásio Gomes da Silva, advogado da família.

    A garota passou por cirurgia e recebeu alta médica nesta segunda-feira (17/12). Ela precisará passar novamente no hospital nesta terça-feira (18/12) para avaliar a gravidade das lesões. De acordo com Damásio, existe a possibilidade de a garota perder a visão.

    Outros moradores da região relataram ter vivido situação de violência policial na mesma noite em que a jovem foi baleada com bala de borracha no olho. Um jovem que organiza um baile funk na região contou ter presenciado ameaças de policiais antes mesmo de a festa começar.

    “Duas viaturas brotaram, começaram xingando a gente e foram embora. Então fomos para uma tabacaria perto, um PM apareceu e pediu para todos saírem e tinha quatro caras com cassetete para bater na gente. O dono da tabacaria conversou com ele e ficou suave”, conta um adolescente, que pediu anonimato com medo de receber ameaças.

    De acordo com a história contada pelo jovem, os PMs saíram da tabacaria, mas ficaram rondando as ruas do bairro. “Eles estavam ali em volta e bateram na galera. Tinha uns oito policiais. Estávamos montando o Baile da Rodrigues quando atacaram do nada”, conta.

    A Ponte entrou em contato com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), chefiada pelo secretário Mágino Alves Barbosa Filho, que não respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação. A reportagem também questionou a PM sobre o ocorrido. Em telefonema às 19h21, um sargento da comunicação explicou que não seria possível enviar um posicionamento ainda nesta segunda-feira (17/12) pelo curto espaço de tempo e, também, pelo fato de a reportagem não especificar em qual rua aconteceram as agressões.

    Posteriormente, às 19h54 do mesmo dia, a PM enviou a seguinte nota: “As imagens e todas as circunstâncias relativas aos fatos serão analisadas. Eventuais denúncias poderão ser formalizadas na Corregedoria da PM, na Rua Alfredo Maia, 58- bairro da Luz (plantão 24h), próximo à estação Tiradentes do Metrô (linha 1- azul)”, aponta a corporação.

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