Gota D’Água (Preta): a adaptação da peça de Chico Buarque pelo olhar dos negros

    Musical composto por elenco majoritariamente negro discute questões de classe e raça ao adaptar obra teatral de 1975 e incluir batidas de funk e canções dos Racionais MCs

    Gota D’Água {Preta} readapta peça de Chico Buarque com elenco e trilha sonora de artistas negros. Ao fundo, o diretor Jé Oliveira | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
     A história de Joana, uma moradora de um conjunto habitacional e mãe de dois filhos, que vê sua vida desmoronar após ser traída e abandonada pelo sambista Jasão foi contada nos palcos diversas vezes, quando, em 1975, Chico Buarque e Paulo Pontes fizeram uma releitura ao transportarem o mito da Medeia para o subúrbio do Rio de Janeiro em meio a um país sob ditadura militar na peça teatral Gota D’Água, também título da canção icônica do músico.  Mais de 40 anos depois, o musical enegreceu ao atravessar canções como “A Quadrilha”, de Buarque, com “Homem na Estrada”, dos Racionais MCs, além de batidas de matrizes africanas e funk que compõem o repertório da peça teatral.
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Gota D’Água {Preta} revisita o espetáculo discutindo os percalços da população brasileira frente a uma especulação imobiliária brutal e predatória, interseccionando questões de classe e raça ainda presente nos dias atuais. A direção é de Jé Oliveira, fundador do Coletivo Negro – grupo de pesquisa e teatro que trata da produção do negro brasileiro. É ele quem também dá vida a Jasão.
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Como o próprio título destaca, o elenco é composto por artistas majoritariamente negros, como Ícaro Rodrigues, Dani Nega, Marina Esteves, Salloma Salomão, Aysha Nascimento, entre outros. Essa escolha da direção repara a ausência de atores negros em montagens anteriores como, por exemplo, a da protagonista Joana: apesar de periférica e ligada à religiões de matrizes africanas, na maior parte das vezes ela foi interpretada por mulheres brancas. Nessa adaptação, quem dá voz e corpo à Joana é Juçara Marçal, integrante da banda de jazz Metá Metá.
    Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    Cenário da peça tem chão forrado com bandeira do Brasil manchada de sangue. | Foto: Sérgio Silva/Ponte Jornalismo
    A peça teatral, que estreou em 8 de fevereiro no Itaú Cultural, permanece em cartaz até dia 24 de Março, no Centro Cultural Vergueiro (Rua Vergueiro, nº 1000, ao lado da estação Vergueiro do metrô, em São Paulo). Mais informações sobre venda de ingressos, clique aqui.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas