Grupo de rap se apresentou no Sesc 24 de Maio para falar da realidade no sistema prisional: ‘Nos chamam reeducandos, mas não nos educam’
“O encarceramento em massa só prende o negro, o pobre e o periférico. Não só cantamos, falamos da realidade e somos resgate dos jovens”. A fala de Kric MC é um dos recatos dado pelo Comunidade Carcerária durante um show no Sesc 24 de Maio, no centro de São Paulo.
A camisa amarela com o número 55 carrega mais do que um cantor de rap. São 22 anos dando voz a realidade do sistema prisional. Claudio Cruz, o Kric MC, estava preso no Carandiru quando encontrou Flavio Sousa, o FW e Washington Paz, o WO.
Dentro do então maior complexo prisional da América Latina, fundaram o Comunidade. Seguem juntos até então. Desde 1996, eles cantam suas histórias e, além de se recuperaram através da música, levam consigo outros jovens. Alguns, inclusive, com chance de ir para o mundo do crime.
“Fui do crime, sim, por ignorância. Procurei dar a volta por cima pelo caminho do rap. E consegui”, diz Kric. Para ele, prender em massa não é uma forma de justiça e serve de faculdade para o mundo do crime. Além das dificuldades da prisão, o rapper aponta que a volta para a sociedade é encarar uma série de portas fechadas pelo preconceito. “Para as mulheres elas estão duplamente fechadas, é um estigma maior”, diz.
As histórias que os três representam fizeram parte de uma ação do Sesc para tratar das prisões. Há uma obra em que o visitante se insere na realidade do cárcere ao colocar um óculos e ver em 360 graus o ambiente prisional.