Ameaçado de morte, infiltrado pelo PCC em Conselho não vê o sol há dez meses

    Segundo MP, Luís Carlos dos Santos atuava como infiltrado da facção criminosa no Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana)

    Nas cartas enviadas à mulher Neusa Aparecia de Oliveira Santos, 47 anos, o ex-presidente do Condepe ( Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luís Carlos dos Santos, narra seu drama na prisão e seu arrependimento.

    Santos foi condenado a 16 anos e dois meses de prisão sob a acusação de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele cumpre pena na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau, distante 610 km da capital.

    Segundo o Ministério Público Estadual, ele recebia mensalmente R$ 5.000,00 do PCC para “plantar” falsas notícias de violações de direitos humanos cometidas pelas forças de segurança em São Paulo, tanto nas ruas quanto no sistema prisional. Santos confessou o crime.

    Há quatro meses, o ex-vice-presidente do Condepe não recebe visita na cadeia. A família passa por dificuldade financeira e não tem dinheiro para custear a longa viagem.

    “Desde que meu marido foi preso, só o visitei três vezes. Uma em dezembro de 2016 e as outras em março e maio deste ano”, lamentou Neusa. “Ele me escreve toda semana. Diz que está com depressão, chora bastante, sente tristeza, solidão, saudade e muito arrependimento pelo que fez e pelo sofrimento causado à família”, revelou Neusa.

    As contas de água, luz, gás e telefone estavam atrasadas até pouco tempo. “Consegui arrumar emprego. Cuido de um idoso e ganho R$ 1.300,00 por mês. Se Deus quiser, vou pagar todas as dívidas e juntar dinheiro para visitá-lo de novo”, previu.

    De acordo com Neusa, Santos está em uma cela isolada na inclusão do presídio e há pelo menos 10 meses não sai para o banho de sol.

    O Ministério Público Estadual apurou que ele foi ameaçado de morte por um advogado, preso com ele e outras 40 pessoas em novembro do ano passado, na Operação Ethos.

    A Operação Ethos concluiu que Luís Carlos e ao menos 40 advogados integravam a chamada “sintonia dos gravatas”, o braço jurídico do PCC, criado pela facção para defender interesses de seus integrantes.

    Um vídeo obtido pela Ponte, com imagens de Santos em uma audiência judicial no Fórum de Presidente Venceslau, bate com as informações de que o ex-presidente do Condepe realmente não sai da cela.

    A audiência aconteceu em março deste ano. As imagens mostram Santos abatido, por causa da falta de banho de sol.

    Ele é interrogado por um juiz e por um promotor. Porém, não responde à maioria das perguntas e diz que prefere “ficar em silêncio”.

    Ainda segundo Neusa, ele gostaria de ser transferido para outro pavilhão na prisão, onde tem uma padaria.

    “Se ele conseguir a transferência vai poder trabalhar e voltar a tomar banho de sol. Tomara que dê tudo certo”, acrescentou Neusa, esperançosa.

    Luís durante depoimento em março

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