Instituto Marielle Franco lança financiamento coletivo em memória da vereadora

    Objetivo é criar espaços resistência para população negra, LGBT+ e periférica em todo Brasil; uma das metas é formar líderes que continuem as lutas de Marielle

    Foto: Leonardo Coelho/Ponte Jornalismo

    Daqui um mês, os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, executados na noite de 14 de março de 2018, completam dois anos. Para não deixar a impunidade vencer, a família de Marielle, por meio do Instituto Marielle Franco, lança uma campanha de financiamento coletivo para preservar a memória e a luta da vereadora.

    O Instituto Marielle Franco foi criado justamente para preservar a memória de Marielle, além de lutar por justiça pelo crime que tirou a vida da vereadora. A professora Anielle Franco, irmã de Marielle, é diretora executiva do instituto.

    Agora, a ideia é tirar do papel os sonhos idealizados pela vereadora e por sua família. As doações podem ser feitas a partir de R$ 20 no site do Instituto (clique aqui para acessar).

    No texto principal da campanha está a explicação dos motivos para apoiar a iniciativa

    Na segunda-feira (10/2), a irmã de Marielle, Anielle Franco, usou a conta dela no Twitter para fazer propaganda do financiamento e pedir apoio. “Estamos precisando de ajuda para espalhar pra geral a campanha do @inst_marielle e bancar nossas primeiras ações, começando com uma Casa Marielle em março e circuito de lançamento no Brasil!. Quem topa ajudar?”.

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    Uma das coordenadoras do Instituto Marielle Franco e que tem se empenhado nessa construção inicial é Marcelle Decothe, 26 anos, que explicou à Ponte que a meta principal é estruturar a entidade. “Não estamos pensando só na atuação em 2020, mas na atuação desse local que pode ser um espaço de referência para muita gente, principalmente mulheres negras, daqui há 20, 30, 40, 50 anos”, afirma.

    Entre as metas criadas no financiamento coletivo estão a construção da Casa Marielle, um espaço para articulação cultural para coletivos e movimentos que pautem negritude e direitos humanos, um circuito de lançamento do Instituto pelo Brasil, a criação de uma metodologia educacional para criar a Escola Marielles e a construção de um Centro de Memória e Ancestralidade para as lutas de Marielle e do povo negro.

    Marcelle explica como será a realização da primeira meta: a Casa Marielle Franco. “Essa casa vai ser um espaço de referência no Rio de Janeiro e um protótipo que a gente pensa para o futuro, de ter casas Marielle no Brasil todo. Estamos trabalhando com algumas ideias de localização, queremos fazer esse espaço em um lugar simbólico que seja majoritariamente negro”, explica.

    “A ideia é ser um espaço que ficará aberto durante todo o mês de março, principalmente para receber coletivos e movimentos que atuem com as pautas de raça e de direitos humanos. Também queremos promover ações e discussões a partir da memória da Mari, shows, encontros, lançamentos de produções de literatura que envolvam mulheres negras”, reforça Decothe.

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    Marcelle destaca a importância de alcançar as demais metas do financiamento. “A segunda meta, por exemplo, é desenhar o que estamos chamando de ‘Escola Marielles’. Estamos tentando organizar essa metodologia para construir isso e trabalhar os quatro pilares do Instituto, que são: memória, regar as sementes, preservar o legado e lutar por justiça”, crava.

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