Jovem gay é agredido com garrafada no pescoço em festa no litoral paulista

    Dançarino de 28 anos afirma que um dos agressores colocou a perna para que ele tropeçasse; ao questioná-lo, o outro o teria atingido com uma garrafa de vidro no pescoço após gritar ‘cala boca, viado!’

    O dançarino Gil Paiva, de 28 anos, recebeu cinco pontos no pescoço após ter sido agredido com uma garrafa por um homem, por volta das 3h da madrugada de domingo (13/1), após o término de uma festa em São Vicente, no litoral paulista. Ele acusa os agressores de terem agido motivados por homofobia.

    O jovem conta que estava com três amigos no camarote Gold do ‘Litoral Festival’, uma festa que, segundo ele, costuma acontecer entre a última semana de dezembro e a primeira de janeiro do ano seguinte. Após o término do show do DJ Alok, o quarteto estava esperando o fluxo de pessoas diminuir para voltarem para casa.

    “O chão do espaço estava escorregadio e com muita garrafa quebrada no chão. Esbarrei numa pessoa e quando estava quase para cair, senti alguém colocando a perna para eu tropeçar”, lembra. “Caí e quando levantei perguntei para ele ‘por que você fez isso?’ O outro que estava com ele disse ‘cala a boca, viado’ e quando ele foi me acertar por trás, meu amigo colocou a mão na frente”.

    Gil afirma que, a princípio, achou que tinha levado um soco. “Eu estava de branco e minha camisa ficou toda ensanguentada. Daí eu vi que eu e meu amigo estávamos feridos, ele com o dedo cortado”, prossegue. O amigo também levou pontos no polegar. Após as agressões, um dos homens gritou: “Tem que morrer isso aí porque é viado”, conforme consta em B.O. (Boletim de Ocorrência).

    Os seguranças do local teriam contido os agressores, segundo o jovem, que disse não saber para onde foram levados. As vítimas foram receberam um primeiro atendimento ainda no espaço, no entanto, Gil afirma que, apesar de ter uma ambulância disponível, a equipe teria se negado a levá-los para o hospital.

    “Limparam meus ferimentos e disseram que a gente teria que ir para o hospital. De nós quatro, só o meu amigo que foi atingido dirigia. Ele teve que me levar até Santos [também no litoral paulista] para ser atendido por uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento)”. “A noite estava ótima e a gente achava que investindo mais dinheiro num local fechado estaríamos seguros, mas não foi o que aconteceu”, lamenta.

    O advogado do rapaz, José Beraldo, confirmou que o B.O.  é por injúria (pelo crise ter motivação homofóbica) e homicídio qualificado (por motivo torpe), e foi registrado no 1º DP (Distrito Policial) de São Vicente nesta segunda-feira (14/1). “A homofobia foi clara. Já solicitamos as câmeras de segurança do local e queremos enquadrar como tentativa de homicídio”, declarou à Ponte.

    Questionada sobre o caso, a produtora Eventos Litoral, responsável pelo festival, explicou que repudia “qualquer tipo de agressão ou atitude violenta em qualquer situação” e organizaram o show do DJ ALok com “intuito de trazer entretenimento e diversão para região”. “O caso deste último sábado no show do Alok, foi mais um exemplo de intolerância e desrespeito com o próximo. O agressor, prontamente foi retirado do evento pelos seguranças, e a vítima encaminhada ao ambulatório”, explica a empresa.

    Em relação ao atendimento médico, explica que prestaram atendimento inicial no espaço, mas orientaram a vítima a procurar um hospital, conforme posicionamento enviado por WhatsApp à Ponte. Em resposta enviada pelo Facebook, a Eventos Litoral aponta que Gil Paiva e o amigo decidiram por si só irem ao hospital. “Temos todos registros do rapaz, inclusive testemunhas que o amigo e ele decidiram ir por meios próprios pois tinham convênio médico”, sustenta a empresa.

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