Jovem que sumiu após morte de PM é encontrado preso

    Bruno Lúcio da Rocha, 20, e Luciano Meneses, 22, sumiram no Parque Bristol, zona sul de SP, horas depois do assassinato de soldado da PM. Rocha foi encontrado morto; Meneses ficou um mês sumido e foi achado preso

    Procurado pela Corregedoria (órgão fiscalizador) da Polícia Militar de São Paulo, pela Polícia Civil, por parentes e por amigos desde o 19 de outubro, quando desapareceu do bairro Parque Bristol, zona sul de São Paulo, Luciano Santos Meneses, de 22 anos, foi encontrado em uma prisão de São Paulo, no dia 20 deste mês.

    Meneses está preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 do Belém, zona leste de São Paulo, sob a suspeita de tráfico de drogas. De acordo com a Polícia Civil, o rapaz foi preso no último dia 19, em Osasco, na Grande SP.

    Ainda segundo os policiais civis que o prenderam, Meneses estava com 10, 84 gramas de maconha e 90 gramas de cocaína. Ele teria, também segundo os policiais, confessado que vendia as drogas.

    Até sua localização na prisão, o desaparecimento de Meneses era investigado pela Corregedoria da PM e DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, como uma possível retaliação de PMs da Rota, suposta tropa de elite da PM paulista, contra a morte de um soldado da PM no Parque Bristol.

    Em documento entregue dia 11 deste mês ao secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Fernando Grella Vieira, 11 entidades ligadas aos moradores do Parque Bristol e a movimentos sociais relataram o clima de terror imposto pela Polícia Militar na região após a morte do soldado Edson Santos Silva, 30 anos, no bairro.

    Segundo a versão apresentada no documento, ao menos três moradores do Parque Bristol relataram ter visto Meneses e Bruno Lúcio da Rocha, 20 anos, sendo levados, vivos, dentro de um carro da Rota.

    A partir dessa afirmação das entidades, o secretário Grella Vieira e o Comando-Geral da PM determinaram que o caso fosse investigado pela Corregedoria da PM e DHPP.

    Rocha foi encontrado por parentes três dias após seu sumiço. Seu corpo estava no IML (Instituto Médico Legal), depois de ter sido levado por policiais militares, ferido a tiros, para o Hospital Artur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara, também na zona sul paulistana e perto do Parque Bristol.

    A Corregedoria da PM e o DHPP interrogarão Meneses para tentar descobrir se ele sabe algo sobre as mortes de Bruno Rocha e do soldado Rocha. Existe a suspeita que Meneses possa ter testemunhado a morte do amigo.

    Morte do soldado

    Considerado um policial correto em suas ações na região do Parque Bristol, o soldado Silva era integrante da Rocam (Rondas Ostensivas Com o Apoio de Motocicletas) e, na noite de 18 de outubro, patrulhava a rua José Pereira Cruz com outros dois PMs, também em suas motocicletas.

    Ao perceber que os três PMs da Rocam iam pará-los para uma blitz, um grupo de homens correu. Um deles deixou uma mochila cair. Enquanto seus dois companheiros perseguiam o grupo, o soldado Silva parou para revistar a bolsa. Foi nesse momento que um criminoso se aproximou do soldado, por trás, e atirou três vezes contra ele. Um acertando-lhe a nuca. O PM havia encontrado droga e um telefone celular na bolsa abandonada. Socorrido pelos colegas, o soldado Silva morreu no hospital. Ele trabalhava na PM havia oito anos.

    Logo que a morte do soldado Silva foi confirmada, PMs do 46º Batalhão, o mesmo do policial morto, assim como várias equipes da Rota, suposta tropa de elite da PM paulista, começaram a realizar operações em toda a região do Parque Bristol.

    Ainda segundo os moradores, os PMs começaram a impor pânico e ameaçar de morte os moradores do Parque Bristol, Jardim São Savério, Jardim Celeste, Vila Cristina e Vila Paz.

    No documento entregue ao secretário Grella Vieira, os moradores dos cinco bairros e as entidades relataram, por exemplo, que os PMs responsáveis pelo patrulhamento da região os ameaçaram dizendo que “ninguém terá Natal ou Ano-Novo”.

    Casas haviam sido invadidas por PMs à noite, sem qualquer amparo legal, segundo as denúncias, e seus moradores são ameaçados de morte e têm seus móveis destruídos, alguns também relataram casos de agressões físicas.

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