Justiça condena seis advogadas por integrar braço jurídico do PCC

    Condenada a 17 anos de prisão, Vanila Gonçales é suspeita de ter atraído para o PCC o ex-vice-presidente do Condepe

    Caramante
    Carteiras usadas por advogados que a Justiça condenou por ligação com PCC | Foto: Reprodução

    A advogada Vanila Gonçales foi condenada hoje pela Justiça a 17 anos e dois meses de prisão sob acusação de envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

    Segundo o Ministério Público Estadual, Vanila integrava a célula chamada “sintonia dos gravatas”, o braço jurídico do PCC, criado para atender os interesses da organização criminosa.

    Vanila foi acusada de cooptar para os quadros do PCC o ex-vice-diretor do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Luiz Carlos dos Santos.

    Ele confessou ter recebido R$ 5 mil mensais da facção criminosa para divulgar falsas denúncias de violações de direitos humanos, especialmente no sistema penitenciário do Estado.

    Além de Vanila, o juiz Gabriel Medeiros, da Comarca de Presidente Venceslau, condenou outras cinco advogadas no mesmo processo, todas em regime fechado.

    Juliana Claudina dos Santos Cottini recebeu a pena de 10 anos e seis meses de reclusão. Jéssica Paixão Ferreira, Gisele Aparecida Baldiotti, Ariane dos Santos e Priscila Ambiel Julian foram condenadas a oito anos e nove meses.

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    O advogado Davi Gonçales foi preso na Operação Ethos – Imagem: Reprodução

    O mesmo juiz já havia condenado Luiz Carlos dos Santos a 16 anos e dois meses e o advogado Davi Gonçales, irmão de Vanila, a 15 anos e cinco meses.

    Todos foram presos durante a deflagração da Operação Ethos, que investigava a célula da “sintonia dos gravatas”.

    Ao todo, 49 pessoas foram denunciadas por envolvimento com o PCC, a grande maioria advogados. Por causa do excessivo número de réus, o juiz Gabriel Medeiros decidiu desmembrar os processos.

    Além de outros advogados, também aguardam julgamento um grupo de presos apontados como líderes do PCC.

    Os detentos cumpriam pena na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e, de dentro do presídio, segundo o Ministério Público, coordenavam o braço jurídico da organização criminosa.

    Entre os presos acusados estão Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Daniel Vinícius Canônico, o Cego, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, Valdeci Francisco Costa, o CI, Paulo Cézar Nascimento Souza Junior, o Paulinho Neblina, entre outros.

    Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola | Foto: Reprodução

    Ao ser interrogado no último dia 24 em audiência presidida pelo juiz Gabriel Medeiros, Marcola negou pertencer ao PCC. Ele também negou ter participado da criação da célula “sintonia dos gravatas”.

    O interrogatório de Marcola foi gravado durante videoconferência. A Ponte divulgou com exclusividade o depoimento dele.

    Durante o interrogatório, Marcola pediu ao juiz para ser transferido para uma “cadeia de oposição”, ou seja, uma prisão sem integrantes do PCC. Ele fez esse pedido como forma de tentar mostrar à Justiça que não é e nunca foi líder do PCC.

    Ex do Condepe em situação complicada

    Além da condenação, da ameaça de morte recebida na prisão e de estar há quase um ano em cela isolada e sem ver a luz do sol, Luiz Carlos dos Santos pode responder a outro processo.

    Luiz Carlos Santos, ex-vice-presidente do Condepe – Foto: Divulgação/TJ-SP

    E isso porque, no dia de sua prisão, em 22 de novembro do ano passado, em Osasco, na Grande São Paulo, a Polícia Civil apreendeu um computador na casa dele.

    O equipamento, no entanto, só foi periciado pelo Instituto de Criminalística em março deste ano. Segundo a Polícia Civil, os peritos encontraram no computador de Santos três imagens contendo material de pornografia infantil.

    O Ministério Público Estadual informou que a Polícia Civil abriu inquérito para apurar se Santos cometeu ou não crime contra o Estatuto da Criança e do Adolescente.

    A Ponte não conseguiu contato com o advogado de Santos.

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