MP investiga jogo em que Bolsonaro ataca e mata mulheres, negros e gays

    Promotor apontou ‘clara intenção de prejudicar candidato’, além de causar danos morais coletivos aos ‘movimentos sociais, gays e feministas’

    Cena do jogo em que o personagem ataca uma mulher | Foto: Reprodução

    O MP (Ministério Público) do Distrito Federal abriu investigação sobre o jogo “Bolsomito 2k18”, em que o presidenciável Jair Bolsonaro é protagonista e mata mulheres, negros e gays para ganhar pontos. Serão investigadas a produtora do jogo, as pessoas diretamente ligadas à criação e uma empresa americana.

    De acordo com o órgão, a plataforma causa danos morais coletivos aos “movimentos sociais, gays e feministas” e possui “clara intenção de prejudicar candidato à Presidência da República e com isso embaraçar as eleições 2018”, explica os promotores Frederico Meinberg e Liz-Elainne de Silvério.

    Lista de investigados pela criação do jogo | Foto: Reprodução

    Os procuradores usam o Marco Civil da Internet para abrir o inquérito, citando a “prática do racismo”, a necessidade de “assegura o respeito aos direitos humanos” e a “responsabilização dos agentes de acordo com suas atividades”.

    A investigação apura o BS Studios, responsável pelo jogo segundo a plataforma Steam – na qual ele está disponível para download -, a prória Steam, as pessoas diretamente responsáveis pelo “Bolsomito 2k18” e a Valve Corporation, proprietária da plataforma de divulação e download dos jogos.

    Além do Marco Civil da Internet, a ação cita que o jogo viola a legislação DMCA (Digital Millennium Copyright Act), dos Estados Unidos. Assim, como a Valve Corporation tem sede no país, o jogo também infringe estas regras.

    O “Bolsomito 2k18” foi lançado no dia 5 de outubro de 2018, dois dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, na qual o capital da reserva do Exército registrou quase 50 milhões de votos. Ele fará o segundo turno no próximo dia 28 com Fernando Haddad (PT).

    Na plataforma, Bolsonaro é protagonista e o jogador usa o personagem para atacar mulheres, negros, população LGBT e movimentos sociais para derrotas “os males do comunismo nesse game politicamente incorreto, e seja o herói que vai livrar uma nação da miséria”, segundo a descrição no download.

    Parte da justificativa para abertura do inquérito | Foto: Reprodução

    “Esteja preparado para enfrentar os mais diferentes tipos de inimigos que pretendem instaurar uma ditadura ideológica criminosa no país. Muita porrada e boas risadas”, continua da criação brasileira.

    Questionado pela Ponte sobre as acusações se a obra seria extremista, machista e racista, o responsável pela BS Studios respondeu apenas “frentista, taxista”. Essa fala argumentação é costumeiramente usada por apoiadores de Bolsonaro para desmerecer acusações de extremismo do capitão da reserva.

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