Mulheres negras marcham contra o racismo e o machismo em SP

    Ato contou com a participação de aproximadamente 7 mil pessoas, que também se uniram em defesa de direitos como a educação e a aposentadoria

    Marcha das Mulheres Negras, Latinoamericanas e Caribenhas reúne milhares de pessoas no centro de SP | Foto: Pedro Borges/Alma Preta

    Aproximadamente 7 mil pessoas foram às ruas para protestar contra o racismo, a violência, a fome e a precarização do trabalho e da saúde pública na quarta edição da marcha das mulheres negras.

    O ato “Por nós, por todas nós, pelo bem viver” aconteceu nesta quinta-feira (25/7), Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela, no centro de São Paulo.

    De acordo com Rosangela Martins, da Uneafro Brasil, a marcha é pelo bem viver das mulheres negras, grupo que tem se destacado à frente de lutas sociais e políticas.

    “Por muito tempo a nossa voz não foi ouvida, mas hoje ela tem potencial para isso. Trouxemos mulheres jovens, experientes, de terreiro, da academia e do quilombo para ocupar todos os espaços”, conta.

    As mulheres negras também se uniram contra os cortes do Ministério da Educação (MEC) na verba da educação básica e superior.

    “Somos as mais afetadas por esses cortes do governo, principalmente agora que começamos a ter mais acesso às universidades”, sustenta Cinthia Gomes, integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA) e articuladora da marcha.

    Deputada estadual pelo Psol-SP, Erica Malunguinho marcou presença na marcha | Foto: Pedro Borges/Alma Preta

    A concentração começou às 17h na Praça da República e foi marcada por palavras de ordem das mulheres negras de diversos coletivos que formam a marcha. O ato não teve início na Praça Roosevelt, como nas edições anteriores, porque o número de adeptos à marcha cresceu e a região não comportava mais a concentração de manifestantes.

    A partir das 19h, o protesto seguiu pelas ruas da região central e, em frente à biblioteca Mário de Andrade, poetas negras como Luana Hansen e Ingrid Martins fizeram uma homenagem à escritora Tula Pilar, que faleceu em abril em decorrência de uma parada cardíaca.

    Leci Brandão, sambista e deputada estadual pelo PCdoB, também deu seu recado | Foto: Pedro Borges/Alma Preta

    “Fizemos um grande sarau para celebrar a vida de Tula Pilar, que participava da marcha das mulheres negras e tem uma história marcada pelas desigualdades de raça e de gênero”, conta Juliana Gonçalves, jornalista e articuladora do ato.

    A mobilização terminou no Largo do Paissandu, em frente a igreja Nossa Senhora dos Homens Pretos, com uma roda de capoeira.

    A linha de frente da Marcha das Mulheres Negras chama atenção para as diversas formas de violência e pede pelo bem viver | Foto: Pedro Borges/Alma Preta

    Cinthia Gomes lembra que a organização do protesto é feita de forma autônoma, sem nenhum financiamento por parte do governo, de partidos políticos ou de empresas privadas.

    “Como a situação política que vivemos é melhor compreendida fora do país, nós conseguimos apoio de um fundo internacional para realizar a marcha com estruturas mínimas”, relata.

    Ela afirma ainda que a construção do ato desperta um laço afetivo importante entre as mulheres negras que o constroem. “Nós criamos uma irmandade nesse processo, pois apesar de sermos diversas temos uma luta em comum”, finaliza uma das idealizadoras da marcha.

    Reportagem publicada originalmente no Alma Preta

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas