Mulheres ocupam prédio em SP para ‘fazer o papel que o governo não faz’

Frente de Luta por Moradia ocupa prédio em Santana (zona norte) e outros bairros da cidade de São Paulo para denunciar política de moradia

Mulheres da Frente de Luta por Moradia (FLM) fizeram uma série de ocupações de imóveis vazios em 1º de abril, em um movimento chamado Jornada de Ocupações. “A gente decidiu fazer o papel que o governo não faz”, afirma Juliana Patrício, colaboradora da Frente. Na semana passada, a Ponte esteve em uma dessas ocupações, localizada em um prédio na Rua Alfredo Pujol, 231, em Santana, zona norte da capital paulista.

O grupo garante que pretende permanecer no local mesmo após as ameaças que afirmam ter recebido por parte da Polícia Militar. “A polícia fez o papel do proprietário. De vir, oprimir. O proprietário não apareceu até agora. A polícia veio na repressão, fazendo ameaças e dizendo que o que a gente estava fazendo era errado e não podia fazer isso”, afirma Josélia Martins, educadora social e uma das líderes do movimento.

“Fui despejada. Não conseguia pagar aluguel. Ou pagava ou passava fome. A gente precisa de ajuda e ver um lugar desse tamanho abandonado, sujo, e muita gente sem ter moradia digna, sem ter onde deixar os filhos. Muitas noites preocupada se vai chegar alguém para nos tirar”, lamenta a autônoma Ana Paula Brasileiro, que faz parte de uma das 70 famílias que ocupam a edificação.

Em nota, a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo afirma que está tentando intermediar um diálogo entre o grupo que está no prédio e o proprietário, sem citar quem seria o dono do imóvel. “A Prefeitura de São Paulo por intermédio da Secretaria Municipal da Habitação (Sehab) informa que o imóvel citado é de propriedade particular”, diz um trecho do comunicado.

“O Núcleo de Solução de Conflitos da Sehab atua na promoção e facilitação do diálogo entre as partes envolvidas em conflitos relacionados a imóveis ocupados por população de baixa renda com possibilidade de reintegração de posse, priorizando a construção de solução consensual que permita às famílias envolvidas permanecer na área de maneira segura, e com respeito aos direitos do proprietário, ou a saída voluntária dos ocupantes”, conclui a pasta.

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A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretária de Segurança Pública do governo Rodrigo Garcia (PSDB), questionando as denúncias de ameaças feitas por policiais militares, mas não teve resposta.

(*) Colaborou Gil Mendes

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