“Nem sei quem era esse rapaz. Isso tudo é um grande absurdo”, diz delegado

    O coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra não foi localizado pela reportagem nesta segunda-feira (22/09). De acordo com sua mulher, Maria Joseíta Brilhante Ustra, o coronel reformado não dá mais entrevista sobre o período em que atuava à frente do DOI. “Ele já disse tudo o que tinha para ser dito a respeito desse período à Comissão da Verdade”.

    Ao ser informada pela reportagem sobre a denúncia do MPF à Justiça Federal pela tortura e morte do jornalista Luiz Merlino, Maria Joseíta afirmou que entraria em contato com o marido para informá-lo sobre e que, caso ele quisesse, retornaria ao pedido de entrevista para se posicionar sobre a morte de Luiz Merlino.

    “Ele [Ustra] está cansado de apresentar sua versão sobre aquele período e quase tudo ser veiculado pela imprensa de maneira distorcida. Se o senhor [repórter] quiser mesmo saber a versão dele, tomarei o cuidado de te enviar um livro com a versão dele sobre tudo aquilo. Me passe seu endereço e o livro [“A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”] chegará para você em breve. Está tudo ali. Leia com atenção”, disse Maria Joseíta, antes de anotar telefones para um possível retorno por parte de Ustra Brilhante.

    “Vou dizer para ele que esse denúncia pela morte do Luiz Merlino está para acontecer. Quem sabe ele aceita falar”, finalizou.

    Dirceu Gravina, atualmente delegado da Polícia Civil de São Paulo em Presidente Prudente, disse na manhã desta segunda-feira (22/09) que as acusações contra ele pela tortura e morte do jornalista Luiz Merlino não fazem o menor sentido. “Nem sei quem era esse rapaz [Merlino]. Isso tudo é um grande absurdo”.

    Segundo Gravina, que hoje diz cumprir funções na Polícia Civil paulista, “até parece que eu era o general do Exército na época da Ditadura”. “Tudo sobra para mim porque sou o único policial que serviu no DOI e que ainda está vivo. Eu tinha 19 anos e não participei de nada contra esse jornalista. Tudo sobra para mim! Não tem cabimento ouvir uma coisa dessas”, disse o delegado, que não atingiu o topo da carreira na polícia e está há anos como delegado de segunda classe.

    O médico legista Abeylard Orsini afirmou que não tem recordação alguma sobre ter atuado em uma possível falsificação do laudo necroscópico sobre a morte de Luiz Merlino. “Não me lembro disso, rapaz. Não sei pormenores. Não tenho mais ideia formada sobre aquele período. Estou com 87 anos de idade e não me recordo daquelas coisas mais”, disse Orsini.

    O delegado Aparecido Laertes Calandra não foi localizado pela reportagem.

     

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