PM ataca protesto contra Temer novamente

    Em protesto pacífico contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, no Centro de São Paulo, policiais atacaram e detiveram manifestantes, chamaram mulheres de “vagabundas” e deram “tapa na bunda” de uma jovem, na noite de ontem (30/08)

     

    A um dia do desfecho do julgamento de Dilma Rousseff (PT), quando mais um protesto contra o impeachment da presidente tomou as ruas do Centro da capital paulista, a Polícia Militar do Estado de São Paulo reprimiu violentamente os manifestantes que pediam a saída do presidente interino Michel temer (PMDB), atacando-os com cassetetes, bombas de gás lacrimogênio, sprays de pimenta e balas de borracha.

    Em um ato pacífico, organizado por ativistas do Coletivo Pela Democracia, os manifestantes concentraram-se, no início da noite de ontem (30/08), em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), na Avenida Paulista – onde novamente se viu o contraste evidenciado na manifestação contra o impeachment na noite anterior (29/08), em que a PM protegeu manifestantes anti-Dilma e atacou violentamente o protesto “Fora Temer”.

    Uma integrante do grupo pró-impeachment que se encontra acampado desde março na calçada em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) surgiu com uma bandeira do Brasil tentou iniciar um bate-boca com os manifestantes “Fora Temer” e foi dissuadida gentilmente por policiais, que a afastaram da manifestação explicando-lhe que ela não deveria ficar no local para evitar confusão. Tudo com educação e sem uso de violência.

    O ato seguiu pela Rua Augusta até a Praça Roosevelt, onde foi bloqueado pela Polícia Militar, e somente seguiu adiante após mais de 15 minutos de conversa entre lideranças do movimento e o comandante da tropa policial, que não queria liberar a passagem.

    Dirigindo-se à Alameda Barão de Limeira, para chegarem à porta do jornal Folha de S. Paulo, os manifestantes caminharam pela Rua Rego Freitas, acompanhados por uma fila de policiais militares que marchavam ao lado do movimento, e seguidos pela chamada “tropa do braço” (soldados com treinamento em artes marciais). Quando chegaram à Rua Amaral Gurgel, vários policiais abordaram violentamente um jovem, iniciando um tumulto.

    Jovens que, naquele momento, manifestaram-se contra a ação violenta dos agentes, chamando-os de fascistas, eram logo levados ao chão pelos policiais, que detiveram aproximadamente dez manifestantes na região da esquina da Rua General Osório com a Alameda Barão de Limeira.

    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo

    Segundo duas jovens que estavam entre as meninas detidas, os PMs foram liberando as pessoas de acordo com a região em que elas moravam – primeiro aquelas que moravam na região central da cidade, enquanto aquelas que moravam na Zona Leste e outras regiões mais distantes permaneceram detidas por um tempo maior.

    Com os olhos lacrimejantes de spray de pimenta, Nicole, de 17 anos, e Natalia, de 20, afirmaram em entrevista (vídeo), logo depois de serem liberadas, que os policiais as agrediram com spray de pimenta e cassetetes, chamaram-nas de “vagabundas”. “Eles perguntaram onde a gente morava, falaram pra gente ir embora direto, se não eles iam pegar a gente”, disse Natália, que afirmou ainda que um policial lhe deu “um tapa na bunda” e “bateram muito com o cassetete” nas pessoas detidas – entre as quais “a maioria era mulher”.

    Em frente ao prédio da Folha de S. Paulo, policiais do Batalhão de Choque da PM paulista se juntaram ao grupo de militares que já se encontrava no local, intensificando a repressão violenta que, com bombas de gás, cassetetes e balas de borracha, se estendeu até às quase onze horas da noite.

    A polícia deteve ainda quatro pessoas – três adolescentes e uma mulher –, que foram levadas ao 2º DP (Distrito Policial), localizado em Bom Retiro, zona central da capital paulista, e liberados somente por volta das três horas da madrugada.

     

    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo
    Foto: Daniel Arroyo

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas