PM expulsa soldado acusado de integrar grupo de extermínio que matou 20 e feriu 19

    Segundo investigação da Polícia Civil, soldado Fernando Cardoso Prado de Oliveira e outro PM participaram de chacinas em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo

    PM Fernando Cardoso | Foto: Reprodução/TV Diário

    A Polícia Militar de São Paulo expulsou o soldado Fernando Cardoso Prado de Oliveira acusado pela Justiça de integrar um grupo de extermínio em Mogi das Cruzes, cidade na Grande São Paulo. Seis ataques na cidade mataram 20 pessoas e feriram outras 19.

    Conforme publicado no Diário Oficial desta quinta-feira (15/2), a decisão foi baseada no artigo 12 do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar e aponta que Oliveira cometeu atos “atentatórios à Instituição, ao Estado, aos direitos humanos fundamentais e desonrosos, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave”, sustenta o documento.

    O soldado é investigado por crimes praticados entre novembro de 2014 e julho de 2015. Foram seis atentados a tiros em bairros periféricos de Mogi das Cruzes. Em 28 de setembro de 2015, a Justiça decretou a prisão de Fernando Cardoso Prado de Oliveira, agora ex-PM, e de Vanderlei Messias Barros, também acusado de participar dos ataques. Em dezembro do ano passado, a Justiça determinou que ambos sejam julgados pelo tribunal do júri, ainda sem data.

    No início deste mês, os advogados tiveram oportunidade de apresentar defesa prévia. Na ocasião, o juiz Freddy Lourenço Ruiz Costa, da 1ª Vara Criminal de Mogi, ponderou que o estado de saúde de Vanderlei não era nada bom e converteu a prisão preventiva em domiciliar. Vanderlei teve um AVC em 2016 depois de tentar suicídio enfiando uma caneta na garganta. Cardoso, no entanto, segue preso.

    Mateus Justino foi uma das vítimas, morto enquanto empinava pipa | Foto: arquivo pessoal

    Apuração feita pela Polícia Civil apontou os dois soldados como autores de uma chacina com três mortos na madrugada do dia 24 de janeiro de 2015 no bairro de Caputera, em Mogi. Ivan Marcos dos Santos Souza, de 21 anos, Cristian Silveira Filho, 17, e Lucas Tomas de Abreu, 20, morreram no local. Os dois últimos trabalhavam em um supermercado da região.

    Neste crime, um veículo modelo Fox vermelho foi usado pelo grupo para atirar nos jovens mortos e em outros dois, que sobreviveram. Na mesma noite, quase duas horas após este ataque, mais duas pessoas morreram vítimas de disparos. Segundo a apuração, os autores usaram veículos vermelho ou branco nos ataques, além de motocicletas.

    Os ataques em Mogi das Cruzes:

    1º – 21 de novembro de 2014 – Vila Natal

    4 mortos e 1 ferido

    2º – 24 de dezembro de 2014 – Distrito de Jundiapeba e Vila Cintra

    6 feridos

    3º – 24 de janeiro de 2015 – Bairro Caputera e Distrito de Jundiapeba

    5 mortos e 2 feridos

    4º – 27 de abril de 2015 – Bairro Caputera, Jardim Universo, Vila Nova União e Conjunto do Bosque

    6 mortos e 2 feridos

    5º – 27 de maio de 2015 – Distritos de Jundiapeba e Brás Cubas

    2 mortos e 6 feridos

    6º – 08 de julho de 2015 – Jardim Universo

    3 mortos e 2 feridos

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