PM suspeito de envolvimento na chacina de Osasco é absolvido em julgamento por 6 mortes anteriores

    Jurados entenderam que ex-PM Victor Cristilder Silva Santos é inocente das mortes de 8 de agosto de 2015, que antecederam a maior chacina da história de SP

    Parentes de vítimas da chacina protestam diante da sede do Tribunal de Justiça de SP, na Sé em 2019 | Foto: Arthur Stabile/Ponte

    Em julgamento, júri popular decide que o ex-PM Victor Cristilder Silva Santos, 35 anos, é inocente das mortes que antecederam a Chacina de Osasco, a maior da história de São Paulo, em que 23 pessoas foram mortas em Osasco e Barueri em agosto de 2015. O júri julgava seis assassinatos ocorridos em 8 de agosto de 2015.

    A sentença que absolveu o ex-PM foi assinada pela juíza Camile de Lima e Silva Bonilha, da 2ª Vara Criminal, da comarca de Carapicuíba do Tribunal de Justiça de São Paulo, e registrada na última quinta-feira (26/11).

    À Ponte, o advogado João Carlos Campanini, que cuida da defesa de Victor, comemorou a decisão. “A decisão de ontem foi a confirmação de uma absolvição de anos atrás, uma vez que Victor já havia sido absolvido sumariamente neste processo. A justiça finalmente foi feita”.

    Apesar da absolvição, o ex-PM Victor Cristilder segue preso aguardando novo julgamento pela chacina em si, após o Tribunal de Justiça anular a sentença inicial de 119 anos, 4 meses e 4 dias.

    “Em todo o tempo que exerço a advocacia, nunca havia visto alguém ter uma condenação de júri anulada por ser manifestamente contrária à prova dos autos e permanecer preso”, reclamou Campanini. “Como, até o momento, a Justiça entende que assim deve permanecer, iremos aguardar o próximo julgamento sem solicitar a liberdade dos acusados”.

    O julgamento da chacina foi adiado após Campanini entrar com petição pedindo o adiamento por estar com suspeita de coronavírus, que não foi confirmada. A Justiça aceitou e, inicialmente, agendou o novo júri para 22 de fevereiro de 2021.

    Relembre o caso

    No dia 8 de agosto de 2015, seis pessoas foram mortas por homens encapuzados em Itapevi, Carapicuíba e Osasco, cidades da Grande São Paulo. Menos de uma semana depois, no dia 13, 17 pessoas foram assassinadas em ataques nas cidades de Osasco e Barueri. Ao todo foram 23 mortos e o episódio ficaria conhecido como a maior chacina da história de São Paulo.

    Os PMs Thiago Henklain, Victor Cristilder e Fabrício Eleutério foram denunciados, julgados e condenados entre 2016 e 2018 pelas 17 mortes ocorridas no dia 13 de agosto. Eles foram expulsos da corporação em julho de 2019.

    Além deles, Sérgio Manhanhã, agente de uma divisão especial da Guarda Civil Municipal de Barueri, também haviam sido condenado por participação nos crimes. A chacina teria acontecido em represália a dois crimes: o assassinato do PM Admilson Pereira de Oliveira, em 8 de agosto de 2015, e do GCM de Barueri Jeferson Luiz Rodrigues da Silva, cinco dias depois. Mensagens de Whatsapp foram fundamentais para ligar os acusados.

    Em agosto de 2019, porém, o Tribunal de Justiça anulou a sentenças de 100 anos e 10 meses e de 119 anos, 4 meses e 4 dias, respectivamente. Os desembargadores da 7ª Vara Criminal consideraram frágeis as provas responsáveis pelas condenações de Manhanhã e Cristilder. Para os magistrados, somente com os elementos apresentados à Justiça não é possível confirmar a participação dos dois na chacina.

    Uma delas é a troca de joinhas em que ambos trocaram pelo aplicativo WhatsApp, que indicaria o início e o fim dos ataques em diferentes áreas de Osasco, Barueri, Carapicuiba e Itapevi.

    Leia também: Dez maiores chacinas de SP tiveram participação de PMs

    Na mesma avaliação, os juízes de segunda instância mantiveram as penas dos ex-PMs Fabrício Eleutério e Thiago Henklain, condenados em setembro de 2017 a cumprir 255 anos, 7 meses e 10 dias; e a 247 anos, 7 meses e 10 dias de prisão, nesta ordem.

    Manhanhã recebeu pena de 100 anos no mesmo júri que condenou Eleutério e Henklain. Já Cristilder teve julgamento isolado, em março de 2018, no qual recebeu a pena de 119 anos.

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