PMs acusados de matar torcedor que os criticou no Facebook são expulsos

    Luiz Alonso Peres Damasceno e Jeferson Moraes Souto são acusados de matar Dangelo Cléber de Almeida Sabino com 15 tiros, em 2016, em São Vicente (SP)

    Dangelo foi morto com 15 tiros, em 2016; três PMs são acusados do crime | Foto: arquivo pessoal

    Dois policiais militares foram expulsos da corporação por um crime cometido em 2016, segundo edição desta quinta-feira (20/2) do Diário Oficial do Estado de São Paulo. Os soldados Luiz Alonso Peres Damasceno e Jeferson Moraes Souto são acusados de assassinar Dangelo Cléber de Almeida Sabino, 36 anos, na tarde de 3 de junho de 2016, no bairro Vila São Jorge, em São Vicente, litoral de São Paulo.

    O motivo do homicídio teria sido uma ofensa que Dangelo fez aos PMs pela internet. Um terceiro soldado, Cristian Mariano Vigário, também foi acusado de envolvimento no crime.

    De acordo com a denúncia do Ministério Público, Luiz Alonso e Jeferson foram identificados como os dois homens com capacetes que haviam descido de uma motocicleta e se dirigiram ao bar em que Dangelo estava, na rua Costa Rêgo, por volta das 16h48.

    Na ocasião, a dupla teria efetuado diversos disparos de arma de fogo contra a vítima, que foi atingida por 15 tiros, a maioria deles na cabeça, e morreu na hora. Já Cristian teria auxiliado a fuga deles.

    Em 6 de março de 2016, a Justiça aceitou a denúncia contra os três por homicídio qualificado por motivo fútil e que dificultou a defesa da vítima.

    Em audiência, Vera Lúcia Aires de Almeida, mãe de Dangelo, contou que dias antes o filho tinha ido a um jogo do Santos e que chegou em casa por volta das 22h40 “muito vermelho” e que chegou a desmaiar.

    Dangelo teria dito a ela que, ao comemorar o resultado da partida na Praça da Independência, policiais do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) apareceram e começaram a atirar, que Dangelo conhecia os PMs e que foi agredido por eles.

    Vera ainda aponta, em depoimento, que ao passar pomada no filho, ele fazia a seguinte postagem no Facebook: “PM tinha que morrer, por isso todo dia aparecia PM morto e que por isso todo dia aparecia PM morto que matam inocentes“. Ela teria alertado para que apagasse a publicação porque seria “sua sentença de morte”.

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    Ela ainda teria indicado que o soldado Cristian foi criado com Dangelo e que ambos eram amigos na rede social. Dois dias depois da agressão, ela afirmou que dois PMs teriam aparecido perguntando ao tio da vítima se ele tinha passagem e que iria multar o carro dele em frente de casa. Um dos policiais seria Cristian.

    Os réus Luiz Alonso e Jeferson serão julgados pelo Tribunal do Júri em 10 de março deste ano, e Cristian, no dia 31 do mesmo mês, no Foro de São Vicente. Luiz e Jeferson estão presos desde 2016 no Presídio Romão Gomes. Já Cristian responde em liberdade por conta de um habeas corpus proferido neste ano e o procedimento dele na Corregedoria da PM foi arquivado.

    Procurada pela Ponte, a assessoria da Polícia Militar informou que “dois dos citados pela reportagem foram expulsos da Polícia Militar, após a conclusão do procedimento administrativo, e o caso de um deles foi arquivado por insuficiência de provas”.

    Segundo a PM, a Corregedoria acompanha o andamento do processo penal que tramita no Poder Judiciário. “Os três mencionados foram acusados de envolvimento na mesma ocorrência”, finaliza.

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