PonteCast | A mídia e o linchamento do negro

    No episódio 77, Ale Santos, escritor, ativista e colunista da Ponte, fala de sua trajetória, referências e das inspirações para escrever

    Autor de “Rastros de Resistência, histórias de luta e liberdade do povo negro”, Ale Santos passou a integrar o time da Ponte Jornalismo como colunista em junho deste ano. Convidado para a LIVE desta semana, apresentada por Antonio Junião, cofundador da Ponte, Ale falou de sua trajetória, da formação em publicidade, dos seus referenciais teóricos para formação da sua visão de mundo e de como busca inspiração para escrever.

    No episódio 77, Ale conta que foi cotista “como muito orgulho” na época da faculdade e que escolheu uma área, a da publicidade e propaganda, que era majoritariamente branca. Ao mesmo tempo, segundo o escritor, foi isso que também o impulsionou para construir suas referências de maneira bem mais autêntica.

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    “Quando entrei na publicidade, já fui para a área de redação publicitária. Minha carreira acabou sendo automaticamente construída nesse sentido. Nos últimos seis anos, estudei muito sobre narrativas, mitologias, formatos de contar histórias. Nesse tempo todo eu experimentei novas mídias e novas narrativas”, explica.

    Para ele, é muito natural buscar referências em pensadores negros e coloca-las em seus textos. “Quando encontro Abdias do Nascimento, Lélia Gonzales, eu penso: caramba, eles estão falando sobre mim”.

    Influenciador digital, Ale tem mais de 136 mil seguidores no Twitter e acredita que as redes sociais acabaram servindo como ferramenta para democratização das vozes a construir suas próprias narrativas.

    “No passado, pessoas negras não tinham essa possibilidade de estar no Twitter falando para milhares de pessoas como eu tenho. A gente tinha sempre as mesmas pessoas ocupando esses espaços. A gente sabe que o jornalismo passou muito tempo nas mãos da elite e, ainda hoje, tem redações com 95% de pessoas brancas. A Folha de S. Paulo é isso quando você olha o quadro de colunistas”, pondera. “[Todo esse cenário das redes sociais] possibilitou descentralizar a informação, a gente poder dizer o que quiser, escrever o que quiser, tirar um pouco das mãos das elites. A gente tem hoje essa reconstrução”, afirma.

    Ale também falou um pouco sobre sua última coluna para a Ponte, publicada em 27 de julho, em que falava exatamente como os veículos de comunicação e de entretenimento (cinema, em especial) colaboraram para a construção de um imaginário pautado pelo racismo. Também por isso, segundo Ale, ele sente a necessidade de ser resistência a partir de se apropriar do que é seu por direito: a sua narrativa contada e criada por ele mesmo.

    “O mito da democracia racial vai se rompendo a medida que a gente vai percebendo e vivenciando essas desigualdades. Ser ativista não é uma profissão. É algo que vai surgindo pela sua necessidade de falar sobre aquele assunto”, pontuou.

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