PonteCast | Como fazer cinema e poesia na periferia

    No episódio 76, conversamos com a poeta e roteirista Juliana Jesus sobre as dificuldades de fazer cinema nas quebradas e o impacto que a poesia pode ter nas pessoas pretas e periféricas

    Já ouviu falar em serivologia? A poeta Juliana Jesus deu a letra no nosso PonteCast: é a prática de se virar. Quando se é da quebrada e se é uma pessoa preta, contou Juliana, é preciso se virar para conseguir criar seu próprio espaço.

    “É ser múltiplo, não se render a certas cadeias. isso atravessa minha vida dessa maneira. Dento da minha trajetória tive várias etapas, uma delas foi entender que eu consigo sobreviver e a força está em mim”, define.

    Cria do Itaim Paulista, “último bairro da zona leste de São Paulo”, Juliana é poeta, roteirista e trabalha no setor audiovisual. Primeiro, entrou para o cinema, quando conseguiu uma vaga como estagiária na TV Cultura para trabalhar com iluminação.

    De lá para cá, já são 9 anos nessa profissão. Depois da iluminação, veio a poesia, que chegou em sua vida após a morte de um amigo. Juliana transformou dor em poesia. Recentemente, lançou o curta-metragem “Pipa”, que deu vida a essa poesia feita em 2016 para um amigo assassinado pelo braço armado do Estado.

    A poesia entrou na vida de Juliana pelos saraus No slam [batalhas de poesias], Juliana conheceu por acaso. “Eu passei a me interessar pelo texto e entender que eu também era autora, eu também era responsável por contar essas histórias. Quando eu perdi meu parceiro, decidi que isso não seria esquecido, não seria desonrado. Então escrevi o texto de Pipa. Não tem beleza nisso, é um protesto”, conta.

    A produção do curta foi feita coletivamente. Juliana se inscreveu para um edital de R$ 3 mil. Quando conseguiu o valor, chamou seus amigos e familiares para materializar aquele sonho.

    “Cheguei em casa falando que ia inscrever uns baratos pra fazer um filme. Minha família não entendia o que eu fazia, acharam que era mais uma loucura minha”, lembra.

    Juliana assinou roteiro e direção da obra. Seus amigos e familiares se dividiram nas demais. De laje emprestada e família no elenco, Pipa ganhou vida. “Quem vai construir o novo imaginário somos nós”, define.

    Ouve aí esse episódio até o fim para ouvir a Juliana recitando Pipa. Solta o som!

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