PonteCast | O olhar racializado do Alma Preta na cobertura da pandemia

    No episódio 62, Simone Freire conta como a agência de jornalismo se preparou para cobrir a Covid-19 e a importância do debate racial

    A pandemia pegou o mundo todo de sobressalto. O jornalismo passou a ter um único tema: o coronavírus e os impactos que já podem ser observados e o que ainda vai acontecer em um futuro tão incerto.

    O Alma Preta, agência de jornalismo independente com foco na temática racial, tem procurado produzir conteúdos sobre a pandemia a partir do ponto de vista que sempre trabalhou. Afinal, a pandemia tem exposto a estrutura desigual e racista sobre a qual foi construída a sociedade brasileira.

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    Não por um acaso, os números já mostram que os negros estão dentro de um grupo vulnerável, na medida em que, quando são hospitalizados por coronavírus, têm mais chances de morrer do que os brancos, como mostrou uma reportagem do Alma Preta.

    No episódio 62, a jornalista Simone Freira, editora do Alma Preta, contou como a agência de jornalismo independente tem feito a cobertura da pandemia.

    “A gente acredita que as reportagens ajudam na construção das pessoas. Lidar e falar da questão racial no país ainda é um tabu. é muito difícil. Então é uma prestação de serviços que o Alma procura fazer na sua cobertura”, conta.

    Cria da Cidade Tiradentes, na zona leste da cidade de São Paulo, atualmente Simone vive na Brasilândia, zona norte. A jornalista integra a Preto Império, a Rede de Jornalistas da Periferia e também é editora da É Nóis.

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    Uma das editorias do Alma Preta que sempre existiu é a Mama Africa, que como o próprio nome diz fala do continente africano. Ela também foi adaptada à realidade da pandemia.

    “A gente não pode falar da luta antirracista no Brasil sem falar da luta antirracista no mundo. Então a gente acompanha desde o inicio do alma preta as noticias da africa, não é uma editoria que a gente ainda consegue acompanhar diariamente mas tentamos semanalmente trazer esse conteúdo. E diante da pandemia a gente obviamente tinha que trazer o contexto da pandemia nos países africanos”, contou Simone.

    “A gente tem acompanhado principalmente os países de língua portuguesa e os que têm mais casos. A gente tem feito acompanhamento das ações dos governos e como tem sido a dinâmica dos países sobre o coronavírus. Contamos, por exemplo, que o Egito disponibilizou a visita virtual nos museus e pirâmides para estimular a quarentena”, explicou.

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    Um dos produtos que o Alma Preta lançou em parceria com o Desenrola e Não me Enrola e Periferia em Movimento, e idealizado pela jornalista Gisele Britto, é o podcast “Pandemia sem neurose“, com episódios que abordam a prevenção, o combate às fake news e as ações do poder público.

    “O ‘Pandemia sem neurose’ foi uma coisa [que surgiu de forma] muito rápida, muito louca e que está dando muito certo. Quando a gente percebeu que o isolamento chegaria aqui no Brasil e vendo como a periferia transita e se relaciona, começamos a pensar que seria bom tentar traduzir isso para o jornalismo”, afirma.

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