PonteCast | Por que é um absurdo comemorar a ditadura militar no Brasil

    No episódio 7, recebemos o jornalista Pedro Estevam da Rocha Pomar, que teve avô morto e pai torturado pelo regime militar e, ainda criança, precisou assumir outro nome para preservar a vida

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    “Meu pai sempre evitou conversar sobre isso. Ele sofreu muito com a morte do meu avô”, conta, nessa participação especial no episódio 7 do PonteCast, o jornalista Pedro Estevam da Rocha Pomar, sobre a relação que tinha com o pai, Wladimir, também militante e também vítima da ditadura, assim como o avô, Pedro Pomar, morto no episódio que ficou conhecido como Chacina (ou Massacre) da Lapa, em 1976. “Quando meu pai foi preso, ele foi muito agredido. Apanhou muito no momento em que foi detido. Mas os detalhes da tortura, ele não fala. Aliás, ele perdeu a audição do ouvido esquerdo”. Muito mais que uma testemunha dos crimes da ditadura, Pedro é um sobrevivente: por anos teve que, como medida de proteção, ser outra pessoa: Marcos Soares.

    Na semana em que o presidente Jair Bolsonaro enalteceu – mais uma vez – a ditadura militar e determinou que “as devidas comemorações” fossem feitas no próximo dia 31 de março, quando o golpe de 1964 completa 55 anos, conversamos sobre os mitos e falácias envolvendo o regime militar e por que não temos nada o que comemorar. Pelo contrário, temos muitos motivos para nos envergonhar de um período triste da nossa história, que, ao que parece, está longe de ser sepultado.

    “Não há a menor seriedade nas afirmações feitas por pessoas do governo Bolsonaro. Houve golpe, sim, em 64”, afirma Pomar.

    Além de ter testemunhado as atrocidades da ditadura, Pomar é autor do livro Massacre da Lapa, que narra o ataque ao Comitê do PCdoB e que culminou na morte de três militantes, entre eles o avô do jornalista, e A Democracia Intolerante, sobre a repressão às atividades do Partido Comunista Brasileiro durante o governo do marechal Eurico Gaspar Dutra, mostrando que a sanha do autoritarismo precede o golpe de 64. Confira a entrevista completa nesse episódio 7 do PonteCast.

    Pedro Estevam da Rocha Pomar na Assembleia Lesgilativa, em 2013, em sessão da Comissão da Verdade; capa do livro dele ‘Massacre na Lapa’ | Foto: ALESP/reprodução

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