Protesto relembra mortos pelo Estado na zona leste de São Paulo

“Quando matam um filho seu, morre a família também. O que a polícia mais tem feito é matar os nossos jovens”, diz mãe durante ato contra o genocídio negro em Cidade Tiradentes neste domingo (27)

Faixa pede fim da violência policial na Cidade Tiradentes | Foto: Gil Luiz Mendes / Ponte Jornalismo

A tarde de sol forte e céu azul deste domingo (27/11) em Cidade Tiradentes, extremo leste do município de São Paulo, não pode ser aproveitada por Alexandre da Silva Marques, Gabriel Soldo dos Santos Silva, Igor Bernardo dos Santos, Felipe Santos Miranda, Brayam Ferreira dos Santos, Carlos Henrique de Jesus,  Rian Jorge dos Santos Farias, Luiz Henrique Oliveira Reis, Waldik Gabriel Chagas. Todos eles foram assassinados no bairro nos últimos anos.

Em homenagem à memória deles e para pedir o fim da violência policial na região, moradores e coletivos de direitos humanos realizaram uma caminhada pela Avenida dos Metalúrgicos. Com faixas, cartazes e carro do som, a manifestação levava ao restante da comunidade a mensagem que o local vem sendo palco do genocídio dos seus jovens pelo braço armado do Estado.

“Hoje a gente está aqui na Cidade Tiradentes para gritar que basta de o Estado matar a nossa juventude”, declarou Márcia Lysllane, articuladora da Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio, um dos grupo que teve participação no ato.

Para Lívia Pardinho, 20 anos, moradora do bairro e militante do coletivo Cultura Lá Em Casa, as pessoas da sua idade que moram na região vivem em permanente estado de medo por conta das ações da polícia. “A violência policial assombra o território da Cidade Tiradentes. Os jovens aqui não têm um segundo de paz. Além de lutar contra a criminalidade e a falta de direitos, a gente tem que combater essa violência de estado”. 

Segurando uma faixa que afirmava que quem mexesse com uma mãe, mexeria com todas, Ana Paula Bernardo dos Santos, mãe de Igor Bernardo dos Santos, morto aos 17 anos, em março de 2020 com indícios de execução, segue lamentando a perda: “quando matam um filho seu, morre a família também. O que a polícia mais tem feito é matar os nossos jovens. O Estado não tem feito nada”.

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Quase ao final do ato, os manifestantes passaram em frente ao frente da 3ª Companhia do 28º Batalhão de Polícia Militar, onde foram filmados por PMs que estavam no local. Se sentindo coagidos, parte das pessoas que estavam no protesto lançaram gritos pedindo o fim da PM. Após quase uma hora e meia de caminhada a manifestação se encerrou em frente ao terminal de ônibus da Cidade Tiradentes.

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