Referência da zona leste de SP, Slam da Guilhermina faz da rua o palco da poesia

    O quinto episódio de Cultura de Periferia em Tempos de Pandemia mostra como o coletivo que se instalou ao lado de uma estação do metrô tem reunido poetas para batalhas de slam

    Se tem um lugar que é referência aos paulistanos, este lugar é o metrô. Entre as idas e vindas, as estações são pontos de encontro de trabalhadores, turistas e até mesmo artistas. É o caso do metrô Guilhermina – Esperança, linha 3–Vermelha, que desde 2012 tem sido palco da arte da poesia falada na zona leste de São Paulo. O Slam da Guilhermina ficou conhecido por promover as competições de Poetry Slam reunindo o público em uma praça na porta da estação. A história e os desafios que o coletivo tem enfrentado desde 2020 são tema do quinto episódio de Cultura de Periferia em Tempos de Pandemia, série da Ponte em parceria com a Todos Negros do Mundo (TNM) disponível no Youtube.

    Focado na literatura periférica, o grupo começou indo em encontros na zona sul da capital paulista. Em entrevista à apresentadora Stephanie Catarino, Emerson Alcalde diz que sentia falta de um evento de poesia na zona leste. Desde as primeiras batalhas o Slam da Guilhermina chamou atenção de moradores, da imprensa e cresceu de forma rápida. “Por noite, ficavam ali fixas em torno de 300, 400 pessoas, mas passam por ali em torno de mil pessoas”, recorda das noites de sexta-feira.

    Emerson diz que muitos poetas e slammers aproveitavam o evento para vender seus zines e livros, além de ganharem dinheiro quando eram premiados no Slam ou se apresentavam em outros espaços culturais. Com o distanciamento imposto pela pandemia de Covid-19, estes artistas viram suas rendas diminuírem drasticamente. “Os slams eram presenciais e fazê-los online foi muito difícil. Nas três primeiras edições, a gente não sabia como fazer, não tínhamos os equipamentos, se a gente tinha que operar, apresentar, falar a poesia, a internet caia. Os poetas também não sabiam lidar com isso. Os primeiros meses foram bem difíceis financeiramente”.

    Mesmo com todas as dificuldades, o Slam da Guilhermina resistiu ajudando financeiramente quem tentava se sustentar pela arte. Por outro lado, as competições transmitidas nas redes sociais fizeram com que o coletivo alcançasse diferentes públicos, até mesmo de outros estados do Brasil e de outros países como Angola e Moçambique. “Isso foi muito bonito. Toda edição tem os dois países representados. A gente faz um sorteio equilibrando gênero e localização”, explica Emerson.

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    Com o apoio de uma lei de incentivo à cultura de periferia, o grupo se estruturou para realizar as competições em lives, premiar slammers e continuar com a publicação anual de uma antologia poética. Emerson, assim como todo poeta e slammer, sonha com a volta das batalhas presenciais e pede que o público continue os acompanhando e consumindo a arte periférica. “A gente espera que esta pandemia acabe e acabe também junto o fascismo, o ódio, esse desgoverno brasileiro que vem matando pessoas a tiros e pela propagação da doença, sendo irresponsável e negacionista. O nosso foco é o presencial, é o território.”

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