Sarau do Binho promove II Feira Literária da Zona Sul em São Paulo

    Começou hoje (12/09) a segunda edição da FeliZS, espaço de reflexão sobre as produções literárias das periferias da Zona Sul de São Paulo

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    Conversa literária no encerramento da I FELIZS, na praça do Campo Limpo. Foto: João Cláudio de Sena

    Por Alê Alves, especial para a Ponte Jornalismo

    Em uma noite se sexta-feira, amigos se reúnem em uma casa na região do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo. Em vez do happy hour, tabelas, orçamentos, calendários e horários são o assunto do último encontro que antecede a segunda edição da FeliZS (Feira Literária da Zona Sul). “Há meses nos encontramos para organizar isso. Agora, estamos num estado de ansiedade”, sorri Fabiana Teixeira, uma das organizadoras da feira.

    Organizada pelo coletivo Sarau do Binho, a II FeliZS traz três dias de conversas, oficinas e intervenções artísticas para ocupar praças, bibliotecas e escolas públicas, SESCs, CEUs (Centro de Educação Unificado), CIEJAs (Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos) e espaços culturais independentes nos distritos do Campo Limpo, Capão Redondo e Jardim São Luís. O evento teve início na manhã desta segunda-feira (12/09) e termina na noite da quarta-feira (14/09).

    Com o tema “Gente que lê, une e Transforma”, a ideia da FeliZS é ser um espaço de reflexão sobre as produções literárias das periferias da Zona Sul de São Paulo.  “Isso fortalece e amplia a dimensão do fazer dessas pessoas e coletivos culturais para além do território da periferia. Refletir sobre a nossa ação é ganhar consciência da existência do outro e ver o que ele pode contribuir para o nosso trabalho. A gente se valoriza e pode lutar por políticas públicas de acesso à cultura”, afirma Fabiana, integrante do Sarau do Binho, coletivo formado por artistas, educadores e produtores culturais do Campo Limpo.

    Além da maior duração, uma das novidades da II FeliZS em relação à edição anterior é cobertura de tudo o que vai acontecer pela Rede de Jornalistas da Periferia, grupo recentemente criado, formado por diferentes mídias independentes, como Periferia em Movimento, Alma Preta e Periferia Invisível.

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    II FELIZS traz 60 editoras e autores para discutir obras. Foto: Sheila Singnário

    Outras novidades são intervenções artísticas após cada conversa literária e mais espaços dedicados à literatura infantil. “É uma identidade cultural plural, muito diversa. A periferia é apenas um recorte, esses coletivos estão aqui mas o que eles fazem vai além de fronteiras. Existem divergências, mas o segredo é lidar com elas. Divergências não são impedimento: são a nossa gasolina”, diz Fabiana.

    O número de editoras e escritores presentes, segundo a curadora, passou de 24 para 60, e o número professores da rede municipal inscritos para acompanhar as atividades dobrou nesta segunda edição da FeliZS. “O Sarau do Binho já desenvolvia projetos em escolas e bibliotecas públicas e já tinha esses parceiros. São professores e diretores que veem no sarau uma possibilidade rica de discutir processos de educação e acham que isso contribui com a educação formal”, conta. Desde o fechamento do bar do Binho, em Setembro de 2012, o sarau se tornou itinerante e ocorre em outros espaços da cidade.

    Fabiana ressalta que a parceria com agentes públicos como a Diretoria Regional de Ensino do Campo Limpo foi fundamental para a realização da feira, que também servirá para a formação de 500 docentes inscritos que acompanharão a feira. “Eles veem na FELIZS outra possibilidade desses diálogos acontecerem. É um movimento nosso e deles também, é uma via de mão dupla”, diz.

    Políticas públicas de promoção do livro e acesso à cultura, empoderamento juvenil por meio da arte, descolonização nas práticas de educação, além da literatura oral, indígena, afro-brasileira e africana são algumas das temáticas discutidas na II FeliZS. “A leitura traz novos conhecimentos e novos jeitos de pensar. Esse é um caminho para criar vínculos. A gente se une e cria uma terceira coisa, que não é minha nem do outro, mas que nasceu dessa relação, desse diálogo. Aí é que a gente se transforma”, diz Fabiana.

    Na abertura do evento, acontece o Sarau do Binho, que desde o fechamento do bar ocorre mensalmente no Teatro Clariô, em Taboão da Serra. No encerramento da feira, quarta-feira (24), a Praça Tadeu Priolli (Praça do Campo Limpo) será tomada por conversas, shows, encenações, oficinas e troca de livros.

    A programação completa está disponível na página do evento no Facebook e no aplicativo criado pela Rede de Jornalistas da Periferia. Todas as atividades são gratuitas e algumas requerem inscrição por e-mail.

     

     

     

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