“Ser contra o encarceramento em massa não é questão de opinião, é matemática”

    Drauzio Varella encerra trilogia sobre encarceramento com o livro “Prisioneiras”, que fala sobre as mulheres vítimas desse sistema que oprime e abandona

    Depois de “Estação Carandiru” e “Carcereiros”, Drauzio Varella lança “Prisioneiras”

    Apesar de médico oncologista, pode-se dizer que Drauzio Varella é também um especialista em sistema carcerário. Não fosse assim, não estaria lançando seu terceiro e último livro da série sobre o tema: “Prisioneiras”.

    Anteriormente, ele já havia escrito “Estação Carandiru”, publicado em 1999 e que viria a se tornar best-seller e posteriormente filme, onde narra o cotidiano do local por onde trabalhou por 13 anos. Em 2012, publica o livro intitulado “Carcereiros”, dando protagonismo às histórias dos trabalhadores do cárcere, a qual ele compara com um regime semi-aberto ao contrário, vivendo boa parte do dia dentro do presídio e voltando pra casa para descansar.

    Já na mais recente obra, Drauzio aborda o dia-a-dia da vida de mulheres que estão em regime fechado na Penitenciária Feminina de São Paulo, que abriga mais de duas mil encarceradas e onde dedica seu tempo e trabalho há onze anos.

    Segundo ele, duas a cada três detentas foram presas por tráfico de drogas. Dados da pesquisa #MulheresSemPrisão mostram que a população carcerária feminina aumentou 503% entre os anos 2000 e 2014, crescimento motivado, entre outras causas, pelo endurecimento das leis de tráfico de drogas. Para Drauzio Varella, prender não resolve o problema e é preciso pensar em penas alternativas para pequenos delitos, como você pode conferir nessa primeira parte da entrevista:

    Outro ponto sensível retratado no livro é a solidão dessas mulheres, quase sempre abandonadas pelos companheiros e familiares após condenadas. Segundo ele, apenas um sexto delas recebe visitas regularmente, um padrão bem diferente encontrado nas cadeias masculinas, onde inclusive muitas dessas mulheres são presas ao tentar levar drogas para o companheiro enclausurado. Confira a segunda parte da entrevista:

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