história

o início

Em março de 2014, um grupo de jornalistas — insatisfeitos com a cobertura de segurança pública realizada pelos veículos de imprensa, que minimizavam as mortes ocorridas nas periferias e ignoravam os elementos de raça, gênero e classe presentes na violência de Estado — reuniu-se para discutir a criação de um veículo de comunicação que tratasse de segurança pública e justiça com um outro olhar, baseado no respeito pelos direitos humanos.

Enquanto fazia suas primeiras discussões, o grupo recebeu a denúncia de que um jovem negro havia sido apreendido e condenado por um roubo que não cometera. Como ainda não havia nem criado um site, o grupo decidiu publicar o resultado dessa apuração no site do jornal O Estado de S.Paulo. A publicação, acompanhada de um vídeo que comprovava a inocência do jovem, levou a Justiça a libertá-lo no mesmo dia. O grupo percebeu, assim, a potência do projeto e as possibilidades de mudança presentes nele.

Com o nome de Ponte Jornalismo, o site do projeto estreou em junho de 2014, encubado pela Agência Pública. Pioneira entre os veículos nativos digitais brasileiros, a Pública, ao lado da Amazônia Real, da Repórter Brasil do norte-americano Marshall Project e do salvadorenho El Faro, estiveram entre as inspirações para a criação da Ponte.

reconhecimento

Rapidamente, a Ponte tornou-se “uma referência no tema” de segurança pública e direitos humanos, como reconhece o Knight Center. Em 2017, venceu o Prêmio Vladimir Herzog na categoria áudio com uma reportagem de Claudia Rocha sobre a morte do jovem Leandro de Souza Santos pela Rota na Favela do Moinho. Em 2019, voltou a vencer o mesmo prêmio, na categoria multimídia, com uma série sobre os brasileiros sem-direitos, feita em parceria com o Projeto Colabora e a Amazônia Real, que também foi finalista do prêmio Patricia Acioli.

No mesmo ano, a Ponte recebeu menção honrosa no Prêmio de Direito à Memória e à Verdade Alceri Maria Gomes da Silva, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo.

Mais importante do que qualquer prêmio, a Ponte se tornou referência para comunidades,  coletivos de direitos humanos e famílias que por puderam levar suas denúncias a público por meio do nosso trabalho e, em alguns casos, conseguir justiça.

ataques e censura

O tipo de jornalismo feito pela Ponte nos torna alvo constante de ataques nas redes sociais, nas ruas e nos tribunais. Porta-voz da Polícia Militar em diferentes governos do PSDB, o major Emerson Massera sugeriu que nossa equipe recebia dinheiro do crime organizado. O repórter fotográfico Daniel Arroyo foi detido ilegalmente durante uma cobertura e atingido por bala de borracha em outra. Revistas ilegais atingiram o repórter Arthur Stabile e o diretor de redação Fausto Salvadori. A Justiça também praticou censura judicial em diversas ocasiões contra a Ponte, proibindo a publicação de um vídeo em que uma promotora caluniava as Mães de Maio, vetando entrevistas de presos ou obrigando uma reportagem a não dizer os nomes dos entrevistados.

sustentabilidade

Em seus primeiros três anos de existência, a Ponte atuou com o trabalho voluntário de seus membros. A partir de 2017, dá os primeiros passos na direção da sustentabilidade e da profissionalização, com o lançamento de uma campanha de financiamento de coletivo. A iniciativa arrecadou R$ 74.689 e contou com apoio de nomes como os dos cantores Edi Rock e Chico Buarque, da ativista Débora Silva, das Mães de Maio, e de intelectuais como Paulo Sérgio Pinheiro e Luís Eduardo Soares, entre muitos outros.

Em 2018, com os recursos do financiamento coletivo e de fundações privadas, a começar pela Open Society Foundations, a Ponte passa a funcionar com sua primeira equipe remunerada com dedicação integral, inicialmente formada por uma editora e um repórter. A Ponte também recebeu recursos de outras fundações, como a Repórteres Sem Fronteiras, que colaborou na compra de equipamentos. Em 2019, iniciou uma parceria de venda de conteúdo para o Yahoo News.

parcerias

Ao lado de outras iniciativas nativas digitais, a Ponte participa da organização do Festival 3i, dedicado ao jornalismo inovador, inspirador e independente. Também em parceria com outros veículos, a Ponte é selecionada pelo Desafio de Inovação do Google News Initiative para desenvolver o Reload, um projeto que busca transformar o conteúdo noticioso em vídeos para jovens nas redes sociais.

A Ponte é uma das fundadoras da Associação de Jornalismo Digital.