Investigador da Polícia Civil mata assaltante em Higienópolis (SP)

    Agente reagiu após ser abordado em um semáforo e acertou um dos dois criminosos; desgovernado, veículo quase atropela pedestres

    Policiais civis aguardam chegada do IML para retirada do corpo | Foto: Arthur Stabile

    Um investigador da Polícia Civil matou um assaltante na tarde desta quarta-feira (31/1), em Higienópolis, bairro nobre da região central de São Paulo, em uma tentativa de assalto. O agente reagiu ao assalto e seu veículo, desgovernado, quase atingiu pedestres antes de bater na entrada de um estacionamento.

    Segundo relato do delegado Yong Suk Choi, que recebeu a ocorrência no 4º DP, o policial foi abordado no semáforo da Rua Aracaju com a Avenida Higienópolis: um criminoso bateu com a arma no vidro do motorista e o outro estava do lado do passageiro. O agente entregou relógio, anel e celular antes de ver uma oportunidade para reagir. Ao descer do carro, deu dois tiros e atingiu o homem armado, que morreu no local.

    O veículo do investigador, uma caminhonete Hylux automática, desceu desgovernada sentido rua Albuquerque Lins e, ao invadir a calçada, quase atingiu duas pessoas, que conseguiram desviar e não se feriram. A caminhonete só parou ao bater no muro de um estacionamento.

    Imagem de antes do corpo ser coberto, com possível arma do crime circulada | Foto: reprodução

    “O carro bateu com tudo no muro. Por sorte, passou por aquela árvore e não pegou ninguém em cheio, senão, morria com certeza”, contou um dos funcionários do estacionamento. “Nós ouvimos tiros lá de cima e viemos ver da janela. Tinha um monte de gente já, da polícia…”, contou uma moradora, que pediu para não ser identificada.

    A letalidade da Polícia Civil tem crescido em São Paulo nos últimos anos. Somente nos nove primeiros meses de 2017, 57 morreram em ações dos agentes, seja em serviço ou durante a folga. Apesar de o balanço anual não ter sido divulgado oficialmente (os dados dos meses de outubro, novembro e dezembro ainda não foram lançados no site da SSP), o número até setembro é o maior desde 2006, quando houve 66 mortes na atuação da Polícia Civil naquele ano, marcado pelos crimes de maio – quando 505 civis e 59 agentes do Estado morreram.

    No dia 4 de setembro do ano passado, dez pessoas morreram em uma única ocorrência da Polícia Civil no bairro do Morumbi, bairro nobre na zona sul de São Paulo. Agentes do Garra e do Deic investigavam uma quadrilha de roubo à casas de alto padrão e, no confronto, mataram todos os suspeitos. “O bem venceu o mal mais uma vez, graças a Deus”, disse um dos policiais em vídeo após a operação.

    Carro do investigador foi levado ao 4º DP, próximo à rua da Consolação | Foto: Arthur Stabile

    Somadas as mortes decorrentes de intervenção tanto da polícia civil quanto da militar, 687 pessoas foram mortas nos três trimestres iniciais do ano passado no Estado. O total é o maior em 15 anos, quando 725 pessoas morreram nos nove primeiros meses de 2002.

    O prazo oficial para a SSP liberar os dados de letalidade policial referentes ao último trimestre do ano passado é até a noite desta quarta-feira (31/1). Caso o quadro tenha números semelhantes aos dos outros três trimestres, 2017 poderá ser o ano mais sangrento das polícias de São Paulo da série histórica contabilizada pela pasta, que começou em 2001.

    Em nota, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo), através de sua assessoria de imprensa terceirizada, CDN Comunicação, confirmou que o policial reagiu ao assalto. “Na ocasião, um suspeito, ainda não identificado, na posse de um simulacro de arma de fogo, abordou o policial exigindo seus pertences. A vítima efetuou disparos contra o autor, que morreu. Equipes do DHPP estão no local coletando informações. A ocorrência será apresentada no departamento e o caso será investigado por meio de inquérito policial”, informa a pasta.

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