Matéria de Gil Luiz Mendes Ilustração: Antonio Junião
Quando o assunto é pessoas trans no esporte, a transfobia e a desinformação se espalham em comentários nas redes sociais. A jogadora de vôlei e mulher trans Tifanny Abreu, 37, já foi alvo destas ofensas. algum texto
Ao passar a jogar na superliga de vôlei, a ponteira do Osasco Voleibol Clube enfrentou críticas e comentários transfóbicos que a atribuíam a ela uma possível “vantagem física” em relação a outras competidoras cis.
A Ponte consultou os especialistas Leonardo Morjan Britto Peçanha, professor de educação física e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz, e a cientista norte-americana Joanna Harper, assessora do Comitê Olímpico Internacional para pessoas trans, para desmistificar o assunto.
Joanna Harper explica que, mulheres trans “ficam com menos massa muscular e capacidade aeróbica reduzidas, e isso pode levar a desvantagens na rapidez, recuperação e resistência”, além de enfrentarem desafios sociológicos e psicológicos.
Segundo Leonardo Peçanha, a reposição hormonal causa impactos e severas transformações biológicas em pessoas trans. Mesmo que ainda mantenham vantagens de força após terapia hormonal, a magnitude disso ainda é desconhecida.
As competições oficiais exigem uma série de testes para provar que o nível de testosterona de mulheres trans (limite de 10 nmol/L) estejam em paridade com mulheres cis, que também produzem o hormônio em nível mais baixo.
Joanna Harper avalia que a ideia é segregacionista: “as pessoas trans representam apenas cerca de 1% da população. Isso significa que não há pessoas trans suficientes para criar uma terceira categoria.”
Por conta do baixo número de mulheres trans atletas, não é possível afirmar que elas tiram o espaço de mulheres cis nas modalidades. “Os Jogos Olímpicos de Verão de Tóquio, em 2021, viram a primeira mulher abertamente trans competir”, recorda a pesquisadora.